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Desmatamento da Amazônia deve ser 50% maior em 2020, estimam especialistas

3.set.2019 - Novo Progresso, Pará: integrantes da Prevfogo, brigada do Ibama contra incêndios, combatem fogo na Amazônia - Gustavo Basso/NurPhoto via Getty Images
3.set.2019 - Novo Progresso, Pará: integrantes da Prevfogo, brigada do Ibama contra incêndios, combatem fogo na Amazônia Imagem: Gustavo Basso/NurPhoto via Getty Images

Do UOL, em São Paulo

17/06/2020 17h37Atualizada em 17/06/2020 17h39

Especialistas em meio ambiente estimaram hoje que o desmatamento na Amazônia deve chegar a 15 mil km² neste ano, contra os quase 10 mil km² de 2019. Eles foram praticamente unânimes em condenar a falta de ação do governo federal frente ao problema durante encontro virtual da Frente Parlamentar Ambientalista do Congresso Nacional.

O deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP), um dos coordenadores da frente, sugeriu que o grupo atue diretamente com os estados na busca de soluções. "Se a gente não tem uma ação mais forte por parte do governo federal, uma estratégia importantíssima é trabalhar com os estados, criar constrangimentos dos municípios que são os líderes do desmatamento, deste ranking do terror", disse.

Além disso, a especialista em políticas públicas do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Suely Vaz, afirmou que as operações que vêm sendo conduzidas pelo Conselho da Amazônia, sob o comando do vice-presidente Hamilton Mourão, não servem para o controle do desmatamento.

Segundo ela, são operações de força que acabam sendo apenas temporárias. "Você não vai para campo para resolver uma serraria, duas serrarias; você vai para campo para desestruturar uma cadeia de ilícitos ambientais naquela região. Isso impõe planejamento prévio, às vezes de meses para as grandes operações", explicou.

Suely disse ainda que dois meses dessas operações militares na Amazônia custam o mesmo que o salário anual de mil fiscais do Ibama. Ela também criticou casos recentes de funcionários que foram repreendidos por atuar na fiscalização em campo.

O desmatamento na Amazônia já foi de menos de 5 mil km² em 2012. O engenheiro agrônomo Beto Verissimo, pesquisador da Consultoria Imazon, afirmou que dos 80 milhões de hectares já desmatados da floresta original, que representam 20% do total, 30% estão abandonados e 60% são subutilizados.

Desmatamento ilegal em todos os estados

O coordenador do MapBiomas Alerta, Tasso Azevedo, apresentou os dados do primeiro Relatório Anual de Desmatamento no Brasil, feito para o ano de 2019. O documento reúne dados de três fontes com imagens de alta qualidade e gera laudos detalhados dos casos de desmatamento. Desta forma, a organização conseguiu gerar 56 mil laudos em 2019 contra mil do ano anterior.

Todos os estados registram desmatamentos ilegais, em 1734 municípios. O estado do Pará é o maior em quantidade de casos e em área. Tasso Azevedo afirma que é possível identificar 75% dos responsáveis pelos desmatamentos:

"A área desmatada do Brasil, mesmo subestimada — porque pode ser que existam desmatamentos que a gente não capturou —, é, de longe, a maior área desmatada em qualquer país do mundo. O segundo país com maior área desmatada tem menos da metade da área desmatada do Brasil, que é o Congo, na África", apontou.

Ele pediu ajuda aos parlamentares para que os laudos gerados pela organização sejam investigados pelo setor público. Pelos dados do MapBiomas, o desmatamento no país atingiu mais de 12 mil km² em 2019, um total equivalente a oito vezes a cidade de São Paulo.

*Com Agência Câmara de Notícias