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Jamil: Mundo se pergunta com qual mecanismo Brasil atingirá meta de emissão

Colaboração para o UOL, no Rio

01/11/2021 12h45Atualizada em 02/11/2021 12h37

O colunista do UOL Jamil Chade disse hoje no UOL News que o anúncio feito pelo Brasil de reduzir a emissão de gases do efeito estufa até 2030 é uma tentativa do governo brasileiro de desfazer uma situação de "pária internacional" em que está hoje.

Nesta manhã, de Brasília, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, disse que o país vai passar a meta de redução de emissões de gases estufa de 43% para 50% até 2030, e de neutralidade de carbono até 2050. O anúncio foi transmitido no Pavilhão Brasil, instalado na COP26, a 26ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, que começou ontem em Glasgow, na Escócia.

"É uma tentativa claríssima do governo brasileiro de desfazer uma situação de pária internacional em que está hoje. Esse anúncio tem como meta reduzir a pressão sobre o Brasil", disse o colunista.

Jamil diz que o mundo não só quer saber da meta estabelecida pelo Brasil, mas também como ela será atingida. Para ele, a comunidade internacional olha para o país com desconfiança.

(O mundo) quer saber não apenas a meta para 2030, mas quer saber como é que o Brasil vai chegar até lá cumprindo a meta. Isso é tão importante quanto a própria meta e, neste quesito, pelo menos por enquanto, não existe um detalhamento de como esse objetivo vai ser atingido em 2030
Jamil Chade

Para o colunista, o mundo vê o Brasil com desconfiança por causa do desmonte da política ambiental do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"Esse desmonte obviamente criou uma situação desconfortável entre o Brasil e o mundo, e agora o Brasil terá de provar não só que a meta vai ser atingida, mas vai ter que provar que essa redução vai acontecer, e não vai ser tão fácil... Se a política (ambiental) foi desmontada, a pergunta que fica no exterior é uma só: com quais mecanismos o Brasil vai atingir essa meta?", disse o colunista do UOL.

Bolsonaro fora da COP26

Pouco antes do anúncio do ministro do Meio Ambiente, um vídeo gravado por Bolsonaro foi exibido na conferência, no qual ele afirmou que os "bons resultados até 2020" permitiriam ao país apresentar metas climáticas "mais ambiciosas".

"Temos que agir com responsabilidade buscando soluções reais para uma transição que se faz urgente. Vamos oferecer melhor qualidade de vida a todos os brasileiros. Assim vamos contribuir para melhorar a qualidade de vida em todo o planeta. Repito minha mensagem a todos que participam da COP26 e ao povo brasileiro. O Brasil é parte da solução para superar esse desafio global. Os resultados alcançados pelo nosso país até 2020 demonstram que podemos ser ainda mais ambiciosos", declarou Bolsonaro.

O presidente ficou de fora da lista de 117 chefes de Estado e autoridades que participam hoje a amanhã da primeira parte do encontro. O próprio presidente decidiu não ir à Convenção do Clima, argumentando que se tratava de uma "estratégia nossa". O presidente está em Roma, na Itália, por causa do encontro do G20.