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Chuva supera média histórica e Cantareira fecha mês acima de 30% do volume

Vista da Represa na Cidade de Mairiporã (SP). A represa faz parte do Sistema Cantareira. - JOÃO NOGUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Vista da Represa na Cidade de Mairiporã (SP). A represa faz parte do Sistema Cantareira. Imagem: JOÃO NOGUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Letícia Mutchnik

Do UOL, em São Paulo

05/02/2022 04h00

As chuvas acima da média registradas no fim de janeiro em São Paulo levaram o Sistema Cantareira, pela primeira vez desde setembro, a fechar um mês com mais de 30% de sua capacidade, de acordo com dados do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) e da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Com o aumento do volume, o sistema deixa o estado de restrição —o segundo mais grave— e passa a operar em estado de alerta.

A escala da Sabesp para medir o volume útil dos reservatórios e classificar a gravidade da situação aponta como normal um nível igual ou maior que 60%. Quando o nível fica entre 40% e 60%, o estado é de atenção. Entre 30% e 40%, de alerta. Entre 20% e 30%, o estado é de restrição. Abaixo de 20%, o nível é considerado crítico. A fase muda de acordo com o dado da virada do mês, como aconteceu no fim de janeiro.

Na última sexta-feira (4), o volume havia subido para 36,9%, o que corresponde 6,2 pontos percentuais a mais que o registrado na semana anterior (30,7%).

A chuva no primeiro mês do ano superou a média em 14%, segundo o Cemaden. A precipitação foi de 299 mm contra um número esperado de 263,7 mm.

No entanto, segundo Luz Adriana Cuartas, pesquisadora de hidrologia do Cemaden, para um período de estiagem confortável, é previso que haja uma precipitação 25% maior do que a média histórica nos próximos meses.

"Nos últimos meses tem chovido abaixo da média, nessa estação chuvosa choveu abaixo da média. Só em janeiro que choveu acima da média e choveu principalmente nos últimos dias", diz Cuartas.

A chuva intensa não garantia instantânea de reservatório mais cheio, por dificultar a penetração da água no solo e retardar o aumento do volume. "No momento que as chuvas começam a ficar na média, o reservatório ainda não fica, porque o nível abaixo do solo ainda não está recuperado", afirma a pesquisadora.

Segundo ela, é difícil prever um desfecho para fevereiro, já que "tem muita variabilidade nesta época do ano, e na região sudeste os modelos ( atmosféricos que são usados para fazer previsões de chuva e temperatura) não são muito confiáveis".

A expectativa é que nos próximos dez dias chova acima, e nos dias seguintes, dentro da média. "Depois disso, a confiabilidade é muito baixa nos modelos", conclui Luz Adriana Cuartas.

É fundamental que o nível dos reservatórios suba durante o período chuvoso para garantir o abastecimento de água durante os meses de estiagem, a partir de maio. Segundo especialistas, o consumo médio varia de 20% a 30% no período.

Veja o nível dos reservatórios que abastecem a região metropolitana de São Paulo, segundo a Sabesp

  • Alto Tietê: 53,7% (+5,1% em relação à semana passada);
  • Guarapiranga: 85,2% (+11,5%);
  • Cotia: 73,6% (+10,7%);
  • Rio Grande: 101,7% (+6,6%);
  • Rio Claro: 43,8% (+2%);
  • São Lourenço: 93,6% (+10,6%).