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Cobras já tiveram pernas? Veja qual é a origem das serpentes

As cobras estavam acasalando no forro do telhado quando desabaram por conta do peso - Reprodução/TikTok
As cobras estavam acasalando no forro do telhado quando desabaram por conta do peso Imagem: Reprodução/TikTok

Do UOL, em Sâo Paulo

20/02/2023 04h00

Há poucos dias, um vídeo de duas cobras imensas despencando do forro do teto de uma casa na Malásia impressionou todo mundo. Eram duas pítons-reticuladas, a maior serpente do mundo, que não é peçonhenta, mas pode matar um ser humano com o aperto de seu "abraço".

Mas você sabia que as cobras já tiveram patas? Os ancestrais destes répteis rastejantes eram lagartos. Os especialistas não sabem exatamente de qual grupo, mas suspeitam que tem a mesma origem de iguanas e camaleões.

A teoria de que as cobras vieram de animais aquáticos perdeu espaço para outra hipótese, hoje mais aceita no meio científico: as primeiras serpentes tiveram origem terrestre. Em 2006, foram descobertos fósseis de uma serpente terrestre que possuía patas posteriores, batizada de Najash rionegrina, que viveu no período Cretáceo.

Um estudo do periódico "BMC Evolutionary Biology", de 2015, também apontou que os ancestrais das serpentes eram predadores noturnos que possuíam minúsculos membros posteriores, com tornozelos e dedos nas patas. A pesquisa da Universidade de Yale (EUA) foi feita a partir da análise de fósseis, genes e da anatomia de 73 espécies diferentes de serpentes e lagartos.

meio ambiente - Marka/Universal Images Group via Getty Images - Marka/Universal Images Group via Getty Images
Uma serpente verde: existem mais de 3.500 espécies de cobras conhecidas
Imagem: Marka/Universal Images Group via Getty Images

Origem

As primeiras cobras teriam surgido nas florestas do antigo supercontinente conhecido como Laurásia (que envolvia a América do Norte, a Europa e a norte da Ásia), há cerca de 128 milhões de anos, no Cretáceo Inferior.

Os resultados do estudo de Yale sugeriram que o fato de as cobras terem se espalhado por todo o mundo - elas ocupam uma enorme gama de habitats - pode ter a ver, justamente, com a ausência de patas.

Elas desenvolveram um modo de locomoção ágil, que lhes confere, em alguns casos, capacidade de viajar até 110 mil quilômetros quadrados, área quatro vezes maior que a percorrida pelos lagartos. Muitas vezes, ao longo de sua história evolutiva, elas também foram capazes de se adaptar a meios aquáticos.

Pesquisadores estimam que hoje existam cerca de 3.500 espécies de serpentes no mundo. Só no Brasil, são 381. A maior espécie de serpente do mundo é a agora famosa píton-reticulada (Phyton reticulatus), que pode alcançar até dez metros de comprimento. No Brasil, a maior é a sucuri (Eunectes murinus). Já a menor serpente é uma cobra-cega de dez centímetros (Leptotyphlops carlae), que vive na Ilha de Barbados, no Caribe.

meio ambiente - Divulgação/Bombeiros - Divulgação/Bombeiros
Jararaca: espécie peçonhenta
Imagem: Divulgação/Bombeiros

Todas as serpentes são carnívoras, mas as dietas diferem bastante entre as espécies. Algumas espécies de jararacas, por exemplo, alimentam-se basicamente de anfíbios quando jovens; adultas, passam a comer roedores.

Para dominar e matar suas presas, as serpentes usam sofisticados aparatos sensoriais e táticas de captura elaboradas. A visão não é muito boa, mas elas compensam isso com a língua, capaz de identificar partículas químicas no ar.

As cobras podem matar suas presas por constrição (força) ou envenenamento. A jiboia e a sucuri são exemplos de serpentes do primeiro: elas se enrolam nas presas e apertam até que a mesma morra por parada cardíaca ou respiratória.

Já a cascavel e a jararaca contam com um aparato eficiente para injetar veneno nas vítimas. A serpente-parelheira e a falsa-coral também fazem isso, mas, felizmente, o sistema de injeção não é eficiente para matar humanos. De qualquer jeito, é sempre bom tomar cuidado com elas.

Fontes: Sávio Stefanini Sant`Anna, pesquisador do Instituto Butantan (SP);