Como agia o homem apontado como o 'maior devastador da Amazônia'

A Polícia Federal prendeu ontem o empresário Bruno Heller, apontado pelos investigadores como o "maior devastador" da Amazônia já identificado. Segundo a PF, Heller teria desmatado 6,5 mil hectares de floresta e se apossado ilegalmente de 21 mil hectares de terras da União. A extensão equivale a quase quatro ilhas de Fernando de Noronha.

Como Heller se apossou das terras

Considerado um dos maiores pecuaristas da região de Novo Progresso (PA), Heller atuava como grileiro, segundo as investigações.

A PF afirma que, nos anos 2000, o empresário e a família chegaram do Sul à região da Amazônia. Na época, eles começaram a se apossar de terras da União que ficam nas margens da BR-163, que liga Santarém (PA) a Cuiabá (MT).

Depois, Heller fragmentou os lotes e distribuiu as terras entre seus parentes. A maior parte deles não morava na região nem trabalhava no ramo agropecuário.

A partir da distribuição, o empresário registrava os lotes no CAR (Cadastro Ambiental Rural). O sistema é alimentado via autodeclaração —ou seja, os próprios proprietários de terras precisam informar características das áreas. Com isso, grileiros conseguem produzir documentos oficiais.

Depois de registrar as terras, Heller desmatava as áreas para criação de gado. Motosserras e queimadas eram utilizadas para derrubar a floresta e implementar as pastagens.

Segundo a PF, Heller e o grupo que atuava com ele se sentia protegido contra eventuais processos criminais ou administrativos, já que não estavam formalmente ligados às terras.

Autuações do Ibama

Mesmo assim, o investigado já recebeu 11 autuações e seis embargos do Ibama por irregularidades. As investigações também apontam que Heller provocou danos ambientais na Terra Indígena Baú.

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Na quinta, a PF localizou, com o empresário, uma espingarda com registro irregular e um saco com 350 gramas de ouro em estado bruto, que pode ter vindo de garimpos ilegais. Heller também tinha R$ 125 mil em espécie escondidos no fundo falso de um armário.

A Justiça determinou o bloqueio de R$ 116 milhões e o sequestro de veículos, de 16 fazendas e imóveis, além da indisponibilidade de 10 mil cabeças de gado.

O UOL não conseguiu contato com o investigado.

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