Bolsonaro diz dispensar votos de quem "pratica violência" contra opositores

Do UOL, no Rio

  • Fernando Souza/AFP

    Jair Bolsonaro (à dir.), candidato do PSL à Presidência da República, acompanhado do filho Flávio Bolsonaro (PSL)

    Jair Bolsonaro (à dir.), candidato do PSL à Presidência da República, acompanhado do filho Flávio Bolsonaro (PSL)

O candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) disse nesta quarta-feira (10) que dispensa "o voto e qualquer aproximação de quem pratica violência contra eleitores" do adversário no segundo turno, Fernando Haddad (PT).

"A este tipo de gente peço que vote nulo ou na oposição por coerência, e que as autoridades tomem as medidas cabíveis, assim como contra caluniadores que tentam nos prejudicar", escreveu ele em sua conta no Twitter.

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Bolsonaro vinha sendo pressionado por não se manifestar em relação a sucessivos casos de violência envolvendo eleitores ou apoiadores de sua candidatura contra pessoas com posicionamento distinto.

Uma das ocorrências terminou com a morte do capoeirista Romuário Rosário da Costa, 63. Na última segunda-feira (8), ele foi assassinado a facadas após discussão sobre o embate entre Haddad e Bolsonaro. A vítima havia declarado voto no petista, e por divergência política, foi golpeada por Paulo Sergio Ferreira de Santana. O suspeito foi preso.

Na terça, após passar o dia gravando entrevistas e peças do horário eleitoral, Bolsonaro foi questionado pela imprensa a respeito dos episódios de violência. O candidato disse que lamentava, mas que não tinha o que fazer.

"Quem levou a facada fui eu, pô. O cara lá tem uma camisa minha e comete um excesso. O que eu tenho a ver com isso?" E completou: "Eu lamento, peço que ao pessoal que não pratique isso, mas eu não tenho controle sobre milhões e milhões de pessoas que me apoiam".

"O que eu tenho a ver com isso?", diz Bolsonaro sobre atos violentos

Além de dispensar o apoio de "quem pratica a violência", o concorrente ao Palácio do Planalto criticou apoiadores do adversário e afirmou que "há um movimento orquestrado forjando agressões para prejudicar" sua campanha. Segundo ele, as ocorrências supostamente falsas teriam como objetivo relacionar a candidatura de Bolsonaro ao nazismo.

Denúncias de agressões

Os casos de denúncias de agressões por parte de apoiadores de Bolsonaro se espalharam pelo Brasil nas últimas semanas, sendo físicos e verbais. Há episódios em Maceió, Natal, Salvador, Maringá, Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba.

Veja os principais relatos:

29/8/2018 – Em São Paulo, uma funcionária do comitê de campanha de Guilherme Boulos (PSOL) afirmou ter sido ameaçada com uma arma por um apoiador de Bolsonaro. Ele passou na porta do comitê de campanha e ofendeu a funcionária que respondeu. Em seguida, ele apontou uma arma para a funcionária, segundo o jornal O Globo.

6/10/2018 – Segundo a revista Época, em Natal, professor do Colégio Mirassol fala sobre a Lei Rouanet durante aula e é acusado por pais de fazer apologia ao ex-presidente Lula (PT). Um dos pais ligou para a coordenação dizendo que ia com "mais três pais armados" para dizer por que é para Bolsonaro ser presidente do Brasil.

6/10/2018 – Em Maringá, a militante petista Vera Lucia Nogueira teve que tomar pontos após um homem não identificado tentar tirar uma bandeira e quebrar vidros de uma carreata. O homem estava em uma moto com adesivos de Bolsonaro. Leia mais aqui.

7/10/2018 – Em Salvador, uma jornalista foi agredida e ameaçada por dois homens, um deles vestindo a camisa de Bolsonaro. Após votar, ela foi abordada por dois homens que viram seu crachá e disseram que era "riquinha e de esquerda", e depois a marcaram com canivete e ameaçaram estuprá-la, segundo o jornal Correio da Bahia.

7/10/2018 – No Piauí, Lenilson Bezerra foi agredido por um grupo de apoiadores de Bolsonaro ao discutir com eles quando passava por uma manifestação. Ele vestia uma camisa vermelha, segundo o site Piauíhoje.

7/10/2018 – Em Maceió, Julyana  Rezende Ramos Paiva foi agredida por um soco no rosto por apoiadores de Bolsonaro após dizer que votara em outro candidato. Eles desceram de um carro e agrediram na rua, de acordo com o site Maceió7segundos.

8/10/2018 – No Rio de Janeiro, Anielle Franco, irmã da vereadora Marielle Franco, afirmou foi ofendida por quatro homens que usavam camisas e botons de Bolsonaro. Ela contou que eles a chamaram de "piranha", "esquerdista de merda" enquanto estava com a filha no colo. Leia mais aqui.

8/10/2018 – Em Porto Alegre, mulher não identificada acusa três agressores de marcarem com uma suástica sua pele em represália por ela usar camiseta com os dizeres #Elenão.

8/10/2018 – Em Salvador capoeirista Romuário Rosário da Costa, 63, foi assassinado a facadas em Salvador após discussão sobre Haddad e Bolsonaro. O acusado é Paulo Sergio Ferreira de Santana, que defendia o candidato do PSL. Leia mais aqui.

9/10/2018 – Em Curitiba, um estudante da Universidade Federal do Paraná foi agredido por quatro membros de torcida organizada que gritavam "aqui é Bolsonaro". Ele usava um boné do MST. Leia mais aqui.

PT e Haddad associam agressões a Bolsonaro

O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, comentou nesta quarta-feira os ataques. "Meu adversário diz que não pode responder pelos atos dos seus correligionários. É alguém que naturalizou a violência e agora se assusta com ela, a ponto de nem ir ao debate", disse Haddad.

O PT divulgou vídeo em suas redes sociais com manchetes de veículos de imprensa noticiando as agressões e afirmou que "o discurso de Bolsonaro mata".

Haddad: Bolsonaro naturaliza violência

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