Nós estamos com uma "mão na faixa", diz Bolsonaro em visita à PF no Rio

Hanrrikson de Andrade e Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

O candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta quarta-feira (17) que "está com uma mão na faixa [presidencial]" e que o adversário no segundo turno, Fernando Haddad (PT), "não vai tirar [uma diferença de] 18 milhões de votos até daqui dois domingos".

A declaração foi dada após visita à sede da Polícia Federal, na zona portuária do Rio. Ao ser questionado sobre a presença em debates, Bolsonaro disse que vai depender da liberação dos médicos, mas admitiu que sua ida ou não faz parte de sua estratégia de campanha.

"Agora eu vou debater com um poste, um pau mandado do Lula? Tenha santa paciência", declarou Bolsonaro. "Tudo na política é estratégia. O Lula não compareceu a debate. O último da Rede Globo, não sei se foi em 2006 ou 2010. Entra tudo no meio, eu decido em equipe."

Em seguida, ele destacou a vantagem que as pesquisas têm apontado a seu favor.

Nós estamos com uma mão na faixa, é verdade. Pode até não chegar lá, mas estamos com uma mão na faixa. Ele não vai tirar 18 milhões de votos de agora até daqui a dois domingos

Jair Bolsonaro (PSL)

Fábio Motta/Estadão Conteúdo
Na PF, Bolsonaro pediu voto dentro de um prédio público, prática vedada pela legislação eleitoral

A diferença de votos citada por Bolsonaro tem como base pesquisas de intenção de voto que, no primeiro turno, foram frequentemente desacreditadas pelo candidato. Segundo o último Ibope, de segunda-feira, Bolsonaro tem 59% dos votos válidos, contra 41% de Haddad.

Antes de falar que estava com uma mão na faixa, ele disse que não estava preocupado com isso e que não tem obsessão pelo poder. "Quero ajudar o Brasil a sair dessa situação", comentou.

Bolsonaro ainda endossou o coro entoado por alguns segmentos de centro-esquerda de que o PT não fez um "mea culpa" durante o processo eleitoral e, como exemplo, citou as declarações recentes do pedetista Cid Gomes, eleito senador pelo Ceará e irmão de Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado na corrida presidencial no primeiro turno.

"Façam o mea culpa pelo menos como o Cid Gomes. Mas não admitem, acham que o Lula é um preso político."

Na PF, Bolsonaro pede voto; lei proíbe

Bolsonaro disse que foi à PF para agradecer à corporação pela segurança que agentes fazem, garantida por lei. "Não é porque está na lei que eu não devo reconhecimento a eles", declarou.

Na entrevista a jornalistas, ele relembrou o ataque a faca sofrido em em Juiz de Fora (MG). "Eu perdi dois litros de sangue, cortou o intestino grosso, fezes se espalharam por todo o organismo. Fui submetido a uma segunda cirurgia no dia 12, que começou às 9h da noite e terminou às 5h da manhã. Não foi uma brincadeira." Segundo o hospital, no entanto, a duração da cirurgia de emergência foi quatro vezes menor, de duas horas.

Após o ataque, a PF aumentou o número de agentes disponíveis para cada candidato de 21 apara 25. O candidato afirmou ainda que confia na PF em relação às investigações sobre o ataque.

O discurso, no entanto, é bem diferente de entrevistas suas concedidas quando ainda estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Na ocasião, o pesselista declarou que havia uma tentativa de "abafar o caso" por parte da PF.

"Confio neles [na Polícia Federal]. Eles vão chegar a uma solução no final do inquérito. Não estou aqui fazendo papel de vítima. Eu não levei um cascudo na rua, foi uma facada. (...) Tenho muita vontade de viver, estou com ainda mais vontade de disputar a eleição", afirmou nesta quarta-feira.

Gustavo Maia/UOL
Visita de Bolsonaro à PF alterou rotina dos funcionários

A visita de Bolsonaro alterou a rotina na sede da Polícia Federal. Advogados foram impedidos de entrar no prédio enquanto o candidato esteve no local.

Ao sair da PF, Bolsonaro falou que no dia 28, data do segundo turno, é 17, seu número de urna. O presidenciável pediu voto, portanto, dentro de um prédio público, prática vedada pela legislação eleitoral. O UOL ainda não conseguiu contato com a PF para comentar a visita.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) informou que não se manifesta previamente sobre fatos que possam ser analisados pela Corte.

A justificativa é que qualquer posicionamento poderia ser considerado pelas partes como julgamento antecipado.

Na segunda-feira (15), Bolsonaro já havia visitado o quartel do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), da Polícia Militar do Rio. A campanha de Haddad pediu uma investigação do caso.

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