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Henrique Alves diz que situação de Feliciano é "insustentável"

Do UOL, em Brasília

21/03/2013 11h50Atualizada em 21/03/2013 15h58

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), prometeu na manhã desta quinta-feira (21) resolver até a próxima terça (26) o impasse sobre a permanência do deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) à frente da Comissão de Direitos Humanos. Alves já havia prometido resolver ontem a situação, o que não ocorreu.

“Posso assegurar que esta Casa vai tomar uma decisão a curtíssimo prazo porque a Comissão de Direitos Humanos, pela sua importância, não pode ficar neste impasse”, disse nesta quinta. Ontem, Alves havia dito que iria "encontrar uma solução que permita o bom andamento para os trabalhos desta Casa e a solução sai hoje (ontem)".

Segundo ele, a permanência de Feliciano como presidente criou um clima de radicalização inaceitável. “Esta Casa tem de primar pelo equilíbrio, pela serenidade, pela objetividade, pelo trabalho parlamentar. E do jeito que está, tornou-se insustentável", afirmou.

No início da noite de ontem, Alves esteve com o líder do PSC, deputado André Moura (SE), e pediu que o partido se reúna com a intenção de manter o funcionamento da Comissão de Direitos Humanos.

Entrevista à rádio

O pastor Marco Feliciano disse nesta quinta, em entrevista à Rádio Estadão, que não vai renunciar. "Não pretendo renunciar. Fui eleito com mais de 200 mil votos", declarou. Feliciano afirmou ainda que não abandonou a sessão que presidia na quarta (20) por conta da "pressão". Ele disse que é praxe na Câmara dos Deputados, durante audiência pública, que o presidente dê início à audiência, passando então a palavra para o requeredor da sessão. "Isso é natural. A imprensa mais uma vez foi sensacionalista", falou. "Disse que estava fugindo e não foi o que aconteceu."

Reunião do PSC

Os deputados do PSC (Partido Social Cristão) poderão decidir de forma colegiada na próxima terça (26) o que farão em relação ao pastor Marco Feliciano.

A tradicional reunião de bancada do PSC de terça deverá ter como tema central o assunto.  Isso porque, durante toda a quarta-feira (20), as redes sociais e os corredores da Casa Legislativa foram tomados por boatos de que Feliciano renunciaria depois das pressões que vem sofrendo para sair do posto para o qual foi eleito.

Procurado pela reportagem, Feliciano ainda não se manifestou hoje. No gabinete dele, ninguém atende aos contatos por telefone e o telefone do assessor de imprensa dele está fora do ar. De acordo com a assessoria do PSC, o parlamentar já viajou para São Paulo e, antes de terça-feira, ainda não está prevista nenhuma outra reunião com o partido antes da semana que vem.

O líder do PSC na Câmara, André Moura (PSC- SE), afirmou ontem (20) que qualquer decisão - seja pela manutenção ou pela saída de Feliciano do posto – será tomada apenas depois da consulta aos 16 deputados da bancada e com a expressão pessoal do próprio Feliciano. Com a saída do deputado da comissão, a legenda teria de indicar outro parlamentar para substituí-lo. 

O UOL também tentou contato com Moura, que viaja no início desta tarde para Sergipe, mas ainda não obteve retorno.

Acusações de racismo e homofobia

Em 2011, Feliciano usou o Twitter para dizer que os descendentes de africanos seriam amaldiçoados. "A maldição que Noé lança sobre seu neto, Canaã, respinga sobre o continente africano, daí a fome, pestes, doenças, guerras étnicas!", escreveu.

Em outra ocasião, o pastor postou na rede social que "a podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime e à rejeição". Por este post, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel,  o denunciou por conduta homofóbica e racista ao STF (Supremo Tribunal Federal). Ele também é réu no Supremo em uma ação de estelionato no Rio Grande do Sul.

No ano passado, o pastor defendeu em debate no plenário os tratamentos de "cura gay".

Ele nega as acusações de racismo e homofobia. "Não sou contra os gays, sou contra o ato e o casamento homossexual. Quero o lugar para poder justamente discutir isso. Vai ser debate. Vou ouvir e vou falar", afirmou.

Pastor da Igreja Assembleia de Deus há 14 anos, formado em Teologia e está em seu primeiro mandato na Câmara.

Após ser eleito, chegou a dizer que sua mãe é de "matriz negra". "Caso eu fosse racista, deveria pedir perdão primeiro a minha mãe, uma senhora de matriz negra." Ele disse ainda que irá trabalhar "como um magistrado" no novo cargo.

Os protestos também invadiram na internet, onde petições contra a e favor o deputado foram assinadas por milhares de internautas.

Na semana passada, a "Folha de S. Paulo" revelou que o deputado emprega em seu gabinete cinco pastores de sua igreja evangélica que recebem salários da Câmara sem cumprir expediente em Brasília nem em seu escritório político em Orlândia (interior de São Paulo).

Nesta semana, o deputado divulgou um vídeo no YouTube em que chora e ataca seus opositores.

(Com Agência Câmara)