Petrobras não era 'casa de negócios', diz Paulo Roberto Costa no Senado
Investigado por suspeita de corrupção, o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa rebateu nesta terça-feira (10), em depoimento à CPI do Senado, as acusações de que a estatal fosse “uma casa de negócios”. Ele criticou ainda a atuação da imprensa, que, segundo ele, veiculou “situações irreais”. É a primeira vez que ele fala em público sobre supostas irregularidades na estatal.
“Repudio veemente que a Petrobras era uma casa de negócios (...). A Petrobras é uma empresa extremamente competente”, disse, acrescentando que as acusações foram feitas de “forma antiética, sem provas”.
“Eu repudio com muita veemência que a Petrobras seja uma empresa que era uma organização criminosa, que tinha uma outra pessoa que fazia lavagem de dinheiro”, acrescentou.
Em outro momento da sua oitiva, voltou a tocar no assunto e disse que “pode se fazer auditoria por 50 anos na Petrobras, mas não vai se achar nada ilegal porque não há nada ilegal na Petrobras”.
Dominada por governistas, a comissão foi boicotada mais uma vez pela oposição por considerá-la "chapa branca". Os oposicionistas apostam suas fichas na comissão mista, também criada no Congresso para apurar suspeitas de irregularidades na estatal e que tem a participação de deputados e senadores. No entanto, a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) também é controlada por parlamentares governistas.
Segundo ele, o episódio colocou “uma pedra” na carreira dele na Petrobras. Para mim foi muito ruim, porque 35 anos de Petrobras não se joga na lata do lixo como fizeram. Tenho família e nome a zelar.”
Ele chegou a dizer que as informações veiculadas são “inventadas”, mas sem dizer por quem. “O que está acontecendo hoje é uma série de acusações que me prejudicaram e provavelmente vão me prejudicar para o resto da minha vida. Um dia a historia vai se explicar e [revelar] quem inventou essa história fantasiosa”, disse.
Costa rejeitou o apelido de “homem-bomba” que recebeu de parte da imprensa por supostamente deter informações que comprometeriam a Petrobras e, por tabela, o governo federal. Segundo ele, tudo o que sabe veio da própria empresa.
“Não existe homem-bomba. O que eu falei aqui, podem inspecionar a Petrobras 500 anos, que vão encontrar o que eu falei. A Petrobras tem um órgão que todo ano faz auditoria interna”, disse.
“Então, dizer que eu comandava uma organização criminosa dentro da Petrobras é uma maluquice, uma ilação, um despropósito”, afirmou.
Mais ao final do seu depoimento, reiterou, com a voz embargada, que um dia o caso será explicado. “Tenho muita fé, muita esperança, muita caridade no meu coração que isso um dia vai ser provado e que essas pessoas todas que fizeram essa maldade reflitam porque foi uma carga muito pesada.”
Costa foi preso pela Polícia Federal no dia 17 de março na Operação Lava Jato, por envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, acusado chefiar um esquema bilionário de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. O ex-diretor acabou solto no dia 19 de maio após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).
Em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”, Costa negou irregularidades nos negócios da Petrobras e afirmou que não houve superfaturamento na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, a maior obra da Petrobras.
Bastante esvaziada, a CPI, que teve início por volta das 10h30, contou com a presença de pouco senadores ao longo da sessão.
Além do presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), que comandou parte dos trabalhos, também estavam presentes o vice-presidente da CPI, Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP), que assumiu o posto na segunda metade da sessão, e o relator, José Pimentel (PT-CE), líder do governo no Congresso.
Os senadores Humberto Costa (PT-PE), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) acompanharam praticamente todo o depoimento.
Outros dois que passaram na CPI foram os senadores Acir Gurgacz (PDT-RO) e Anibal Diniz (PT-AC).
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