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Paulo Roberto Costa fica em silêncio na CPI da Petrobras

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa (centro), chega ao Senado - Alan Marques/Folhapress
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa (centro), chega ao Senado Imagem: Alan Marques/Folhapress

Bruna Borges

Do UOL, em Brasília

17/09/2014 15h06Atualizada em 17/09/2014 17h45

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa ficou em silêncio na sessão desta quarta-feira (17) da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) mista da Petrobras. A sessão durou quase três horas, e ele não respondeu a nenhuma pergunta.

“A reunião pode ser aberta, mas vou permanecer em silêncio”, disse o ex-diretor ao chegar na sala da comissão. 

Parlamentares da oposição queriam que a sessão fosse fechada para tentar convencer o ex-diretor da Petrobras a depor. A CPI é presidida por um senador do PMDB (Vital do Rêgo) e tem um relator do PT, deputado Marco Maia. Por 10 votos a 8, os parlamentares decidiram manter a sessão aberta.

Costa foi preso em março com a deflagração da Operação Lava Jato da Polícia Federal. Há suspeitas de que o ex-diretor tenha destruído provas contra ele. Para tentar reduzir a pena em uma possível condenação, Costa decidiu no meio de agosto contribuir com as investigações, por meio de delação premiada.

O ex-diretor da Petrobras depõe na sessão desta quarta-feira como investigado, o que lhe garante o direito a permanecer em silêncio ao ser questionado pelos parlamentares. 

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta quarta-feira que Costa deveria permanecer calado em seu depoimento à CPI mista, pois a legislação impõe sigilo aos envolvidos em processos de delação, se ela for de fato aplicada em uma futura condenação.

Parlamentares da oposição discordaram da tese do procurador-geral. Os deputados Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e Mendonça Filho (DEM-PE) afirmaram que se Costa resolvesse responder às perguntas dos parlamentares em sessão fechada, isso não comprometeria os efeitos de sua delação premiada. “Ele [Costa] tem o direito de prestar os esclarecimentos sem que comprometa a delação se for em sessão secreta”, defendeu Mendonça Filho.

Mesmo ao ser chamado de "bandido" por Lorenzoni e ter sido acusado de associação com o esquema do mensalão, Costa permaneceu calado.

Segundo as revistas "Veja" e "IstoÉ", Costa revelou o nome de vários parlamentares e governadores que teriam recebido propina para auxiliar no fechamento de contratos da Petrobras.

Os nomes revelados por Costa incluem pessoas ligadas às duas candidatas que lideram as pesquisas eleitorais para a Presidência da República, Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB). A relação dos citados pelo ex-diretor da Petrobras cita o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), candidato ao governo do RN, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), morto em agosto, entre outros.

Os políticos citados na reportagem da revista negaram que tenham recebido propina da estatal. A operação Lava Jato investiga um esquema milionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que, segundo a PF, era chefiado pelo doleiro Alberto Yousseff.

De acordo com o jornal “Folha de S.Paulo”, o Palácio do Planalto articulou com sua base aliada uma estratégia para tentar evitar que o depoimento do ex-diretor se transforme num palanque para oposição na reta final da eleição.

Antes da entrada do ex-diretor na sala da CPI, deputados e senadores defenderam que a reunião de hoje fosse inicialmente aberta, mas que caso Costa decidisse falar, que a sessão fosse restrita apenas a parlamentares.