Dilma utilizaria avião para "fazer campanha denunciando o golpe", diz Temer
Uma série de postagens na conta oficial do presidente interino, Michel Temer (PMDB), no Twitter tem causado polêmica na rede.
Isso porque o peemedebista, quando se refere ao uso de avião pela presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), e a sua limitação, sugere que a petista utilizaria a aeronave para "fazer campanha denunciando o golpe".
A tese de que o processo de impeachment foi um golpe é a principal linha de defesa de Dilma.
A postagem no perfil de Temer foi feita por sua assessoria de imprensa, que divulgava trechos da entrevista dada pelo presidente interino ao jornalista Roberto D'Ávila, da GloboNews. A entrevista foi transmitida na noite desta terça-feira (21).
D'Ávila questionou Temer se ele não teria sido "mesquinho" ao restringir o uso de avião oficial por Dilma. O novo governo interino limitou o transporte aéreo de Dilma entre o Distrito Federal e o Rio Grande do Sul, onde a presidente afastada tem residência.
Nessa hora, Temer disse que Dilma "utiliza o avião, ou utilizaria, para ir fazer campanha denunciando o golpe", que ele classificou de "uma situação um pouco esdrúxula".
"[Ela] não está no exercício da Presidência, portanto não tem atividades de natureza governamental", explicou Temer, sugerindo que Dilma não precisa desses serviços.
O presidente interino voltou a negar, mais uma vez, que o afastamento de Dilma configure um golpe de Estado. "Muitas vezes dizem que houve golpe. E golpe é ruptura em relação à Constituição. E aquilo que está havendo é obediência estrita ao texto constitucional. Eu não traí a ninguém. Na verdade, o que houve foi um processo de impedimento. Eu não fiz nenhum movimento em relação a isso. E o impedimento se deu, convenhamos, até por uma maioria muito significativa."
Segundo reportagem recente do jornal "Folha de S.Paulo", Temer, inclusive, já prometeu a líderes de sua base aliada na Câmara dos Deputados que vai adotar discursos mais contundentes contra a tese petista de que o impeachment representa um golpe.
Na entrevista, Temer afirmou ainda, entre outras coisas, que quer promover as reformas política e da Previdência a partir do momento em que for efetivado na Presidência da República. E que, caso seja realmente efetivado, não será candidato à reeleição em 2018.
Temer também negou que vá processar Sérgio Machado, delator da Lava Jato que o acusou de ter pedido recursos de propina para o então candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo, Gabriel Chalita, em 2012.
"Não vou processá-lo porque o que ele mais deseja é isso. Quando verifiquei a delação completa, ele não falou apenas de mim, falou dos partidos mais variados. Ele só respondeu ao meu pronunciamento. Ele quer polarizar com o presidente da República, não vou dar esse valor a ele, não falo para baixo."
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