Joesley conta a Temer que entrou sem se identificar no Jaburu: "funcionou super bem"
Divulgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na noite desta quinta-feira (18), o áudio da conversa entre o presidente Michel Temer (PMDB) e o empresário Joesley Batista, dono da JBS, mostra que os dois falaram sobre a ausência de registro da visita de Batista ao Palácio do Jaburu, residência oficial ocupada pelo peemedebista, em Brasília.
No final do diálogo, Temer pergunta a Joesley como ele foi ao encontro e ele diz ter ido sozinho. "Gostei desse jeito aqui, eu venho dirigindo, nem venho com motorista", comenta o empresário. A conversa ocorreu no dia 7 de março. Ao todo, são cerca de 38 minutos de gravação, feita por um aparelho que estava escondido com Batista.
Temer então diz ter achado que ele iria com Rodrigo, referência ao deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), acusado por Joesley de ter favorecido a empresa a pedido do presidente. O parlamentar foi assessor especial do peemedebista de outubro de 2016 até março deste ano.
"Aí o Rodrigo se identifica [na portaria]", comenta Temer. "Eu tinha combinado de vir com ele", explica o empresário. "Ah, você veio sozinho?", questiona o presidente.
"Eu vim sozinho, mas aí eu liguei para ele e era 22h30. Foi por isso que eu me atrasei uns cinco minutinhos. Aí deu 21h50 e eu mandei mensagem pra ele. Aí deu 22h05 e eu liguei: Rodrigo, cadê? 'Puta, eu tô num compromisso aqui, vai lá, fala", completa Joesley.
Batista explica ao presidente que passou a placa do carro, foi chegando na residência oficial do presidente e nem teve que se identificar. "Funcionou super bem", comenta Batista.
Em nota divulgada na noite desta quinta, o empresário pediu desculpas aos brasileiros e afirmou que a empresa não honrou seus valores "quando tivemos que interagir, em diversos momentos, com o poder público brasileiro".
O comunicado afirma ainda que o grupo firmou um acordo de cooperação com o MPF (Ministério Público Federal). "O Brasil mudou, e nós mudamos com ele. Por isso estamos indo além do pedido de desculpas. Assumimos aqui um Compromisso Público de sermos intolerantes e intransigentes com a corrupção", diz o texto.
Temer pediu acesso a áudios
A gravação divulgada pelo STF também foi entregue a Temer, que pediu ao Supremo acesso aos áudios.
Mais cedo, o STF havia autorizado a abertura de inquérito contra o presidente. A decisão de abrir uma investigação contra Temer foi tomada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo. O pedido foi feito pela PGR (Procuradoria-Geral da República). A partir de agora, o presidente passa a ser formalmente investigado.
No meio da tarde, Temer fez um pronunciamento no Palácio do Planalto e negou que vá renunciar após o escândalo. "Não renunciarei. Repito, não renunciarei. Sei o que fiz e sei a correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Essa situação de dubiedade ou de dúvida não pode persistir por muito tempo", disse o presidente.
Entenda as acusações
De acordo com informações divulgadas pelo jornal "O Globo" nesta quarta-feira (17), Joesley Batista, um dos donos da JBS, encontrou Temer no dia 7 de março no Palácio do Planalto. O empresário teria registrado a conversa com um gravador escondido. Batista disse ter contado a Temer que estava pagando ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao lobista Lúcio Funaro para ficarem calados. O presidente, segundo o empresário, responde: "Tem que manter isso, viu?".
Em nota publicada ontem, Temer confirmou o encontro, mas disse que "jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha" e negou ter participado ou autorizado "qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar".
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