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PF analisa áudio e pede acesso a equipamento para periciar gravação de Temer

O presidente Michel Temer (PMDB) - Pedro Ladeira - 15.dez.2016/Folhapress
O presidente Michel Temer (PMDB) Imagem: Pedro Ladeira - 15.dez.2016/Folhapress

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

21/05/2017 20h44

Ao realizar uma análise técnica preliminar das gravações feitas pelo empresário Joesley Batista, um dos executivos do grupo JBS que fechou acordo de delação premiada, a Polícia Federal solicitou neste domingo (21) à PGR (Procuradoria-Geral da República) o equipamento usado por ele para gravar uma conversa com o presidente Michel Temer (PMDB), que se tornou alvo de inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) e passou a questionar a autenticidade da gravação.

Segundo o INC (Instituto Nacional de Criminalística), órgão da PF, "é fundamental" ter acesso ao aparelho para concluir os trabalhos periciais. A Polícia Federal informou ainda que não há prazo inicial estipulado para a apresentação do laudo, "especialmente diante da necessidade apontada de perícia também no equipamento".

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Na noite deste sábado (20), o ministro do STF Edson Fachin autorizou a realização, "no menor prazo possível", da análise na gravação, um dos pedidos apresentados horas antes pela defesa de Temer --com a concordância manifestada posteriormente do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Fachin também determinou que ambas as partes apresentassem perguntas sobre o áudio à PF, o que ocorreu neste domingo. A decisão do ministro se estendeu para as conversas gravadas por Joesley com o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) e o deputado federal afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor especial de Temer. Os dois também são alvos da investigação autorizada por ele.

Além da perícia, a defesa de Temer pediu que o STF suspendesse o inquérito até que os áudios fossem analisados. A petição, assinada pelo escritório do advogado criminalista Antonio Claudio Mariz de Oliveira, questiona a validade de gravação. Fachin decidiu levar o pleito ao plenário da Corte na próxima quarta-feira (24).

Ouça na íntegra a conversa entre Temer e Joesley

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Mariz anexou reportagem da "Folha de S.Paulo" em que o perito judicial Ricardo Caires dos Santos, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, aponta em laudo que a conversa entre Temer e Joesley sofreu mais de 50 edições.

Em pronunciamento na tarde deste sábado (20), Temer chamou a gravação de "fraudulenta e manipulada". Foi o segundo pronunciamento desde a divulgação das primeiras informações sobre a delação premiada de executivos da JBS. Segundo o presidente, a suspensão deve ocorrer "até que seja verificada em definitivo a autenticidade" do áudio de conversa entre ele e o empresário.

O áudio gravado pelo dono da JBS contém diálogo entre Temer e Batista no qual ambos falam sobre o deputado federal cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso e condenado pela Operação Lava Jato, e sobre tentativas de obstrução das investigações por parte do empresário. O diálogo ocorreu dentro do Palácio do Jaburu, residência do presidente, fora da agenda oficial, a partir das 22h32, no dia 7 de março deste ano.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por sua vez, afirmou que, "embora certo de que o áudio não contém qualquer mácula que comprometa a essência do diálogo, [...] não se opõe a perícia no áudio que contém conversa entre Michel Temer e Joesley Batista no dia 7 de março de 2017, no Palácio do Jaburu”.

“A referida perícia, entretanto, pelas razões acima expostas, deve ser realizada sem qualquer suspensão do inquérito, visto que este se destina justamente à produção de elementos probatórios, razão pela qual requer a continuidade das investigações", escreveu.

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