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Bolsonaro diz que fim do foro privilegiado é "engodo"

Na visão de Bolsonaro, o fim do foro serviria para que os políticos ganhassem tempo e pudessem recorrer por anos até seus processos chegarem à última instância - Paulo Lopes/Futura Press/Estadão Conteúdo
Na visão de Bolsonaro, o fim do foro serviria para que os políticos ganhassem tempo e pudessem recorrer por anos até seus processos chegarem à última instância Imagem: Paulo Lopes/Futura Press/Estadão Conteúdo

Daniela Garcia, Leonardo Martins e Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

27/11/2017 12h23Atualizada em 27/11/2017 14h01

Pré-candidato a presidente da República, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) disse, nesta segunda-feira (27), ser contra o fim do foro privilegiado para parlamentares federais. “No meu entender, é um engodo”, declarou

Na visão de Bolsonaro, o fim do foro serviria para que os políticos ganhassem tempo e pudessem recorrer por anos até seus processos chegarem à última instância. “É para que leve 20, 30 anos até que tenha uma decisão final”.

O deputado participou de evento da revista “Veja” acompanhado pela reportagem do UOL.

Na semana passada, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara aprovou projeto pelo fim do foro. A proposta mantém o foro privilegiado apenas para o presidente e o vice-presidente da República, além dos presidentes da Câmara, do Senado e do STF (Supremo Tribunal Federal). O texto ainda terá de ser analisado no Senado.

O tema também é avaliado pelo Supremo. Em julgamento na semana passada, a maioria da Corte decidiu restringir as regras do foro privilegiado para congressistas. A decisão, porém, foi adiada após o ministro Dias Toffoli pedir vista. O placar está em 8 a 0 para mudar as regras do foro privilegiado.

Antes de Bolsonaro, também em entrevista no evento da “Veja”, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, apontou o foro privilegiado como o “maior problema” da Corte. Para ele, o STF é incompetente no cumprimento de processos criminais.

"Bolsa fuzil"

Questionado, por escrito, por um espectador do evento, se criaria uma “bolsa fuzil”, Bolsonaro respondeu que seria “uma boa ideia”, gerando risos da plateia.

O deputado é defensor do porte de armas e chegou a fazer chacota com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, que é contrário ao tema.

“É a mesma coisa que colocar no centro cirúrgico um médico que tenha ‘nojinho’ de sangue”, disse, fazendo a plateia gargalhar mais uma vez.

Bolsonaro, que deve se transferir, no ano que vem, para o PEN/Patriota para disputar a eleição, criticou a cobrança que sofre para ser especialista em vários assuntos. “Sou um pouco diferente dos outros pré-candidatos: cobram tudo de mim”.

O deputado afirmou que terá como ministro da Fazenda de seu governo o economista Paulo Guedes.

Questionado sobre o nome de Guedes, Bolsonaro disse que ainda não acertou com o economista sobre o eventual cargo na Fazenda. "Estamos só namorando, de mãos dadas. Não estamos noivos ainda".

O pré-candidato afirmou que é necessário um "segundo encontro" para firmar um compromisso. Mas deixou claro que precisa dos conselhos de Guedes. "Eu tenho a humildade de dizer que não entendo de economia", disse.