Em uma semana, Aécio se torna réu e vira alvo de novas suspeitas; entenda
Depois de ter virado réu por corrupção e obstrução de justiça no STF (Supremo Tribunal Federal) na terça-feira (17), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) tornou-se alvo de novas suspeitas ao longo desta semana. Empresários afirmaram que pagaram propinas ao ex-presidenciável na casa das dezenas de milhões de reais e um ex-ministro da Justiça disse que o tucano tentou interferir em investigações da Polícia Federal. O senador mineiro nega.
Veja abaixo as revelações contra Aécio que vieram a público nos últimos dias e o que diz sua defesa a respeito de cada uma. Além de ser réu no STF, o senador é alvo de mais oito investigações no Supremo.
Propina de R$ 110 milhões
Em depoimento à Polícia Federal na quinta (19), o empresário Joesley Batista, dono da JBS, afirmou ter repassado R$ 110 milhões a Aécio durante a campanha eleitoral de 2014. Naquele ano, o tucano disputou a presidência, recebeu 51 milhões de votos no segundo turno, mas perdeu para Dilma Rousseff (PT) por uma diferença de pouco mais de três milhões de votos.
Segundo Joesley, em troca do dinheiro, Aécio daria apoio aos negócios do grupo J&F, que controla a JBS, caso fosse eleito. O empresário disse que R$ 64 milhões ficaram com o PSDB, R$ 20 milhões com o PTB, R$ 15 milhões com o Solidariedade e R$ 11 milhões para políticos que apoiaram o então candidato a presidente. Joesley entregou à PF recibos e notas fiscais que comprovariam os repasses.
A defesa de Aécio diz que o empresário mente para manter "de forma desesperada" seu acordo de delação premiada. De acordo com o advogado Alberto Toron, os recursos doados ao PSDB em 2014 estão registrados na Justiça Eleitoral, e nem Aécio, nem o partido, podem ser responsabilizados por doações a outros partidos. Ainda segundo Toron, o senador não atendeu a qualquer interesse de Joesley.
O PTB diz que recebeu doações da JBS em 2014 por indicação de Aécio e afirma que elas foram declaradas à Justiça Eleitoral. O partido nega qualquer vínculo com a empresa. O Solidariedade não se pronunciou sobre o caso.
"Mesada" de R$ 50 mil
Em depoimento dado no ano passado, mas que veio a público só esta sexta-feira (20), o mesmo Joesley Batista disse à PGR (Procuradoria-Geral da República) que pagou R$ 50 mil por mês a Aécio por meio de uma rádio da qual o senador era sócio. A informação foi publicada pelo jornal Folha de S.Paulo.
Joesley entregou aos procuradores notas fiscais de pagamentos feitos entre 2015 e 2017 pela JBS à rádio Arco-Íris, de Belo Horizonte, que somam R$ 864 mil. No papel, os pagamentos eram por "serviço de publicidade". Segundo o empresário, o objetivo era manter um bom relacionamento com o senador, que poderia voltar a disputar a Presidência em 2018 e teria pedido o dinheiro para "custeio mensal de suas despesas".
A defesa de Aécio diz que Joesley aproveitou uma "relação comercial lícita" para forjar uma acusação e nega que o senador tenha pedido dinheiro ao empresário. A rádio Arco-Íris afirma que a relação com a JBS era "estritamente comercial" e está documentada em trocas de emails com os setores de marketing de empresas de Joesley. A rádio enviou à Folha cinco comerciais veiculados na programação.
Propina de R$ 35 milhões
Em depoimento à PF na terça (17), o empresário Sérgio Andrade, um dos donos da construtora Andrade Gutierrez, disse que fez um contrato de R$ 35 milhões com uma empresa de um amigo de Aécio Neves para repassar propina ao senador. A notícia foi publicada na sexta (20) pelo jornal "O Globo".
Andrade prestou depoimento em inquérito sobre o pagamento de propina ao tucano em troca de ajuda a empreiteiras nas obras da usina de Santo Antônio, em Rondônia. O empresário também declarou que houve um acerto entre a Andrade Gutierrez e a Odebrecht para o pagamento a Aécio.
Em sua delação premiada, Marcelo Odebrecht disse que R$ 50 milhões seriam pagos a Aécio por sua atuação nas obras da usina, sendo que a Odebrecht pagaria R$ 30 milhões e a Andrade Gutierrez, o restante. Segundo Odebrecht, o acerto foi feito em 2008, quando Aécio era governador de Minas Gerais.
A defesa de Aécio nega que o senador tenha tratado da usina de Santo Antônio com Sérgio Andrade e diz que a obra foi do governo federal, sem qualquer participação do governo de Minas Gerais.
Pressão sobre a PF
Na mesma terça-feira em Aécio virou réu no STF, o deputado federal Osmar Serraglio (PP-PR) disse no plenário da Câmara que, quando era ministro da Justiça, sofreu pressão do senador tucano para interferir em investigações. Depois, em entrevista a "O Globo", Serraglio declarou que Aécio queria a nomeação de delegados de sua preferência para tocar inquéritos contra ele.
A defesa de Aécio diz que não houve "nenhuma atitude imprópria" do senador e que o tucano apenas demonstrou seu "inconformismo" com a abertura de investigações que não teriam provas.
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