Ex-governador Beto Richa é preso no Paraná
O ex-governador do Paraná e candidato ao Senado Beto Richa (PSDB) foi preso na manhã desta terça-feira (11) em uma operação que investiga o pagamento de propina envolvendo um projeto do governo do estado para modernização e manutenção de estradas rurais. A mulher do tucano, Fernanda Richa, seu irmão Pepe Richa e seu ex-chefe de gabinete Deonlison Roldo também foram presos.
Comandada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do Estado, a operação apura direcionamento de licitação para beneficiar empresários e o pagamento de propina a agentes públicos envolvidos no programa Patrulha do Campo.
Segundo o Gaeco, são cumpridos 15 mandados de prisão e 26 de busca e apreensão nas cidades de Curitiba, Londrina, Santo Antônio do Sudoeste e Nova Prata do Iguaçu no âmbito da Operação Rádio Patrulha. Os mandados são de prisão temporária (5 dias) e foram expedidos pelo juiz Fernando Fischer, da 13ª Vara Criminal da Justiça Estadual.
Richa e Roldo também foram alvos, nesta terça-feira, de uma nova fase da Operação Lava Jato, comandada pela Polícia Federal e pelo MPF-PR (Ministério Público Federal do Paraná). Segundo o MPF, na Lava Jato, o ex-governador foi alvo de um mandado de busca e apreensão em sua casa.
Em entrevista coletiva, o órgão informou que o fato de o ex-governador ser alvo de duas operações distintas foi uma coincidência. O Gaeco confirmou a informação.
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Por meio de nota, a defesa de Richa disse não saber “qual a razão das ordens judiciais proferidas” e que a defesa ainda “não teve acesso à investigação”. O PSDB não se manifestou sobre o assunto até o momento. O ex-governador já é réu em um processo referente ao período em que comandou a prefeitura de Curitiba.
Na última pesquisa Ibope, do dia 4 de setembro, Richa apareceu em segundo lugar na corrida para o Senado, o que garantiria a eleição dele.
Em entrevista concedida no meio da manhã, o procurador de Justiça Leonir Batisti, coordenador estadual do Gaeco, afirmou que a operação que levou a prisão do ex-governador corre sob sigilo de justiça.
“A prisão é determinada para o interesse da investigação e está posta nos autos. Existe um fundamento legal e eles foram apresentados”, disse Batisti. Richa e sua mulher foram levados à sede do Gaeco.
“Não existe uma acusação contra eles. Nós estamos investigando os crimes de direcionamento ou fraude à licitação, corrupção, lavagem de dinheiro e obstrução à justiça”, afirmou Batisti.
Veja a lista dos 15 alvos mandados de prisão:
- Beto Richa (PSDB)
- Fernanda Richa (PSDB) - mulher de Richa e ex-secretária da Família e Desenvolvimento Social
- Deonilson Roldo – ex-chefe de gabinete do ex-governador
- Pepe Richa – irmão de Richa e ex-secretário de Infraestrutura
- Ezequias Moreira – ex-secretário de cerimonial de Beto Richa
- Luiz Abib Antoun – primo do ex-governador
- Edson Casagrande – ex-secretário de Assuntos Estratégicos do Paraná e empresário da Terra Brasil
- Celso Frare – empresário da Ouro Verde
- Aldair W. Petry
- Dirceu Pupo - contador
- Joel Malucelli – empresário da J. Malucelli
- Emerson Cavanhago – Seria laranja de Edson Casagrande
- Robinson Cavanhago – Seria laranja de Edson Casagrande
- Túlio Bandeira – procurador de Edson Casagrande
- André Felipe Bandeira – procurador de Edson Casagrande
O UOL não conseguiu contato com a defesa de todos os acusados.
Lava Jato também mira Richa
Segundo a PF, a nova fase da Lava Jato, a 53ª, cumpre 36 ordens judicias nas cidades de Salvador, São Paulo, Curitiba, Lupionópolis (PR) e Colombo (PR). Desses mandados, 33 são de busca e apreensão.
Há outros três mandados de prisão em Curitiba. Um deles é contra Roldo, ex-chefe de gabinete de Richa. Os outro dois são contra Jorge Theodócio Atherino, empresário apontado como operador-financeiro do ex-governador, e Tiago Correia Adriano Rocha, indicado como braço direto de Atherino.
Segundo a MPF, a ação de hoje, batizada de Operação Piloto, apura o pagamento de propina no valor R$ 3,5 milhões por parte de Odebrecht a agentes públicos e privados no Estado Paraná.
O objetivo do pagamento era ganhar a licitação para investimento na duplicação, manutenção e operação da rodovia estadual PR-323, entre os municípios de Francisco Alves e Maringá.
Segundo nota do MPF, o ex-chefe de gabinete Roldo teria acertado com a Odebrecht pagamento de R$ 4 milhões para que ele limitasse a concorrência de licitação da PR-323 e afastasse eventuais concorrentes interessados na disputa. As informações foram passadas por executivos da construtora em acordo de delação premiada.
De acordo com as investigações, Roldo teria informado que ajudaria ilegalmente na licitação, mas para isso contava com o auxílio da empresa na campanha de reeleição de Richa para o governo do estado em 2014, quando o tucano venceu a disputa.
Em março do mesmo ano, o Consórcio Rota das Fronteiras, do qual a Odebrecht fazia parte, foi o único a fazer proposta e venceu a concorrência pública.
Investigação da Polícia Federal identificou pagamento de R$ 3,5 milhões entre setembro e outubro de 2014 em lançamentos registrados no sistema de contabilidade ilícito da Odebrecht.
Os pagamentos teriam sido entregues em São Paulo, em um condomínio relacionado à sogra de Atherino.
Na semana passada, o juiz federal Sergio Moro transformou em réus Roldo, Atherino e outras nove pessoas sob a acusação dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em uma investigação que apura a licitação da estrada. Richa não foi incluído na ação, mas o MPF disse que continuaria investigando o ex-governador.
O advogado de Atherino, Carlos Farracha, disse que está se inteirando dos fatos e vai se manifestar sobre o assunto no futuro. O advogado de Roldo, Roberto Brzezinski Neto, disse que não vai se pronunciar sobre o assunto. A reportagem do UOL está tentando contato com os advogados de Rocha.
*Com colaboração de Eduardo Lucizano para o UOL
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