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Protestos pró e contra Lula têm confusão em SP e discursos em Curitiba

Téo Takar e Vinicius Konchinski

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, em Curitiba

07/04/2019 17h25

O domingo foi marcado por manifestações contra e a favor da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que completa um ano hoje. As maiores manifestações ocorreram na avenida Paulista, em São Paulo. Também houve protestos em Curitiba, onde Lula está preso, e em cidades como Brasília e Rio de Janeiro.

Em São Paulo, houve confusão quando manifestantes favoráveis à prisão do ex-presidente agrediram um casal que passava pelo local. Um homem deu uma "gravata" em uma mulher.

A Polícia Militar informou que não registrou nenhuma ocorrência e também não divulgou estimativa do público que compareceu aos protestos.

Mulher é agredida por manifestantes favoráveis à prisão do ex-presidente Lula, na avenida Paulista - Jardiel Carvalho/Folhapress - Jardiel Carvalho/Folhapress
Mulher é agredida por manifestantes favoráveis à prisão do ex-presidente Lula, na avenida Paulista
Imagem: Jardiel Carvalho/Folhapress

Lula foi preso no dia 7 de abril de 2018, meses depois de sua condenação pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso envolvendo um apartamento tríplex no Guarujá. Desde então, ele cumpre pena em uma cela especial na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

Contrários a Lula pedem impeachment de Gilmar Mendes

Na capital paulista, as manifestações em favor de Lula serviram de palco para críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal) e elogios à operação Lava Jato.

Manifestantes do Movimento Vem pra Rua pediram a suspeição do ministro Gilmar Mendes e também não pouparam críticas aos ministros Dias Toffoli (presidente da Corte) e Ricardo Lewandowski.

Manifestantes contrários a Lula pedem impeachment de Gilmar Mendes

UOL Notícias

"Nós estamos aqui hoje para não permitir que eles tragam de volta a impunidade. Vamos fazer a operação Lava Toga. O STF não vai [nos] calar. Fora Gilmar!", disse Rogério Chequer, líder do movimento.

Ele também cobrou do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o encaminhamento do pedido de impeachment de Gilmar Mendes.

"Davi Alcolumbre, não se exima de sua responsabilidade! Cabe a você endereçar esse pedido à Câmara para que os representantes do povo julguem", disse.

O jurista Modesto Carvalhosa, que protocolou um pedido de impeachment contra Gilmar Mendes, afirmou que o STF é um "antro" e uma "vergonha" para o país.

"Temos cinco ministros que são dignos, mas temos outros cinco que são uma vergonha. Temos que começar tirando o Gilmar Mendes", afirmou.

Esperado em protesto, Haddad não chegou a tempo

A manifestação do Vem Pra Rua foi realizada a menos de um quilômetro de outro protesto, também na avenida Paulista, em apoio ao ex-presidente Lula. O policiamento foi reforçado na região.

No local destinado à manifestação dos apoiadores de Lula, os manifestantes aguardavam a chegada do candidato derrotado no segundo turno das eleições presidenciais de 2018, Fernando Haddad (PT). Mas Haddad e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), não chegaram a tempo.

Boulos - Téo Takar/UOL - Téo Takar/UOL
Guilherme Boulos (PSOL)
Imagem: Téo Takar/UOL

Mais cedo, o ex-candidato do PT esteve em Curitiba, onde vários políticos do partido e de outras legendas participaram de um ato em apoio ao ex-presidente.

Guilherme Boulos, que foi candidato à Presidência da República pelo PSOL, participou da manifestação em defesa da liberdade de Lula ao lado de membros do PT.

"A defesa da liberdade de Lula não é a luta de um partido. É a luta em defesa da democracia. Não podemos admitir uma prisão de caráter político como foi a do ex-presidente. O caráter político ficou ainda mais evidente com a nomeação do juiz Sergio Moro para o ministério de Bolsonaro", declarou Boulos ao UOL.

João Paulo Rodrigues, dirigente do MST (Movimento dos Sem-Terra), disse que esteve com Lula na quinta-feira (4) e trouxe algumas mensagens para os manifestantes presentes na avenida Paulista.

"Lula disse que está mal naquele presídio, mas ele sabe que a população brasileira está pior. Temos que reforçar os movimentos sociais. E defender a soberania nacional. Nada de entregar a base de Alcântara. Não podemos deixar o pré-sal ser privatizado", relatou Rodrigues.

Segundo ele, Lula afirmou também que o "governo Bolsonaro é fraco".

A manifestação pró-Lula foi encerrada às 17h para liberação da avenida.

Curitiba recebe políticos em apoio a Lula

Em Curitiba, Haddad disse que a prisão de Lula é resultado de uma manobra conduzida pela "elite" brasileira. "Essa elite conseguiu, com tudo que fez desde 2013, colocar um dos piores brasileiros na Presidência da República e o melhor [brasileiro] aqui na Polícia Federal", disse.

Os manifestantes favoráveis a Lula não pouparam críticas ao presidente Jair Bolsonaro. Alguns entoaram cânticos contrários a ele.

"Doutor, eu não me engano, o Bolsonaro é miliciano", gritaram.

Os organizadores da manifestação estimaram o público em 10 mil pessoas. A Polícia Militar, no entanto, calculou o número de pessoas no local em 3.500 no pico.

Curitiba também foi palco de manifestações favoráveis à prisão de Lula.

Cerca de 3.000 pessoas, segundo os organizadores, participaram de um ato de celebração da prisão do ex-presidente na Boca Maldita, tradicional ponto de protestos no Centro do Curitiba. A PM acompanhou o ato, realizado durante a tarde, mas não divulgou estimativa de público.

A manifestação foi convocada pelo MBL (Movimento Brasil Livre) e pelo Curitiba Contra Corrupção. Vestidos de verde e amarelo e portando bandeiras do Brasil, os presentes comemoraram a prisão do ex-presidente comendo um bolo e cantando "Parabéns a Você".

Os presentes ainda demonstraram apoio à operação Lava Jato e criticaram o STF. Rodrigo Reis (PRTB), que disputou e perdeu a eleição para o Senado em 2018, discursou no ato e pediu o impeachment do ministro Gilmar Mendes.

Bonecos na Esplanada dos Ministérios

Em Brasília, também foram registradas manifestações. Na Esplanada dos Ministérios, um grupo de manifestantes favoráveis à prisão do ex-presidente Lula se reuniu em frente ao Congresso Nacional.

Eles chegaram inflar bonecos gigantes em alusão ao petista. A reportagem tentou obter a estimativa de público junto à SSP-DF (Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal), mas não obteve a resposta até a última atualização desta matéria.

No Recife, também houve manifestações em alusão ao aniversário da prisão do ex-presidente. No centro da capital pernambucana, grupos culturais fizeram protestos pela liberdade de Lula.