Apesar de ordem de repouso, Bolsonaro antecipa volta ao cargo e despacha
Resumo da notícia
- Bolsonaro voltou ontem a Brasília e disse que reassume hoje
- A previsão anterior era de que só voltaria a trabalhar na quinta
- Ele disse estar bem, mas admitiu que só estará 100% na semana que vem
Apesar da ordem médica de repousar após mais uma cirurgia decorrente do atentado de que foi vítima ano passado, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou ontem a Brasília e afirmou que reassume nesta terça (17) o cargo com despachos e conversas. A previsão anterior era de que só voltaria a trabalhar na quinta.
Por enquanto, Bolsonaro deve permanecer no Palácio da Alvorada, residência oficial onde mora, mas é possível que eventualmente vá ao Palácio do Planalto, onde o presidente da República despacha. A decisão ficará a cargo dele, com base na opinião da equipe médica.
Segundo o Planalto, a equipe de enfermagem da Presidência acompanhará Bolsonaro durante a recuperação da cirurgia, realizada em 8 de setembro. Na sexta (20), uma equipe médica de São Paulo viajará a Brasília para fazer exames.
O presidente disse estar bem, mas admitiu que só voltará "à atividade 100% depois dos Estados Unidos". A expectativa é que ele viaje em 23 de setembro para discursar na abertura da Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), marcada para o dia 24, e retorne ao Brasil no dia seguinte.
Primeiro ato
Ao chegar em Brasília ontem, Bolsonaro foi direto ao Palácio da Alvorada e pediu que o comboio parasse na guarita. O presidente preferiu não chegar perto dos apoiadores que o esperavam, para se preservar de contatos físicos que poderiam machucá-lo.
Da porta do carro, anunciou o que deve ser seu primeiro ato na volta ao trabalho: a sanção de projeto de lei que permite a posse de arma de fogo em toda a extensão de imóveis rurais. O prazo para a assinatura presidencial vai até hoje.
A medida atende pleito antigo da bancada ruralista, que enxerga na medida mais maneiras de se defender da violência no campo, como o roubo de rebanhos.
Críticos temem que a autorização amplie conflitos no campo.
Questionado sobre possíveis vetos, Bolsonaro não disse como procederá porque ainda não viu o texto do projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional. Porém, disse que não vai "tolher mais ninguém de bem a ter sua posse ou porte de arma de fogo".
Agenda
Outros assuntos que devem ocupar Bolsonaro são a escolha do novo secretário especial da Receita Federal e a possível troca no comando da Polícia Federal.
O então secretário especial da Receita, Marcos Cintra, foi exonerado na última quarta (11) a mando de Bolsonaro após a ideia de um novo imposto sobre transações financeiras se tornar "pública demais", segundo o vice-presidente da República, Antônio Hamilton Mourão (PRTB).
Por enquanto, o cargo é ocupado de forma interina pelo auditor José de Assis Ferraz Neto. O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que um novo nome deve ser anunciado, "possivelmente, nos próximos dias".
Em relação à Polícia Federal, o diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo, volta de férias na quarta (18). Reservadamente, este tem dito que tudo continua como está, mas, auxiliares dele já não sabem se o chefe se sustenta até o final da semana.
Sob condição de anonimato, altos integrantes da corporação entendem que há uma disputa entre Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sergio Moro, de quem Valeixo é homem de confiança.
Segundo policiais federais ouvidos pelo UOL, o objetivo seria enfraquecer Moro, que desfruta de maior popularidade do que o próprio Bolsonaro.
No final de agosto, Bolsonaro reforçou no Twitter que a escolha do diretor-geral da PF cabe somente ao presidente da República.
O UOL apurou que entre os cotados para assumir o lugar de Valeixo estão o secretário de segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, o diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Alexandre Ramagem, e o superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva.
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