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Embaixada da Venezuela em Brasília é invadida; entenda o caso

Eduardo Militão/UOL
Imagem: Eduardo Militão/UOL

Do UOL, em São Paulo

13/11/2019 12h44

Resumo da notícia

  • Apoiadores de Guaidó entraram na embaixada na madrugada desta quarta
  • Diplomatas de Maduro dizem que o local foi invadido pelos opositores
  • Itamaraty atua na intermediação do episódio em Brasília
  • GSI classificou episódio como invasão da embaixada

Apoiadores do autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, entraram na embaixada do país em Brasília no final da madrugada de hoje. Guaidó é reconhecido pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) como presidente da Venezuela, país que é governado pelo ditador Nicolás Maduro.

O episódio acontece no mesmo dia em que começa uma reunião do Brics —grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul— na capital federal. O Ministério das Relações Exteriores brasileiro não se manifestou até o momento sobre o caso. Um órgão do governo de Bolsonaro, porém, já classificou a situação como "invasão".

O que aconteceu?

De acordo com a PM-DF (Polícia Militar do Distrito Federal), um grupo de manifestantes entrou na embaixada e tentou tomar o controle do local por volta das 4h de hoje. A ONU (Organização das Nações Unidas) já alertou que o Brasil é responsável pela segurança da embaixada.

Como foi a entrada?

A maneira como aconteceu a entrada é alvo de um embate de versões entre os apoiadores de Guaidó e os de Maduro.

Representante de Guaidó, a diplomata María Teresa Belandria negou, em comunicado, que a embaixada da Venezuela tenha sido invadida por apoiadores do político. Segundo Belandria, apoiadores de Guaidó tiveram sua entrada facilitada por funcionários da embaixada.

"Um grupo de funcionários da embaixada da Venezuela no Brasil entrou em contato conosco para nos informar que reconhecem o presidente Juan Guaidó. Eles começaram a abrir as portas e entregar voluntariamente a sede diplomática à representação legitimamente credenciada no Brasil. Essa ação foi imediatamente comunicada ao Ministério das Relações Exteriores", disse em nota.

A versão é distinta da apresentada pelo ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza. Nas redes sociais, ele disse que as instalações da embaixada foram invadidas. "Responsabilizamos o governo brasileiro pela segurança de nosso pessoal e instalações". Não há até o momento, porém, uma explicação por parte dos apoiadores de Maduro sobre como foi a entrada no prédio.

O que pensa o governo brasileiro?

O GSI (Gabinete de Segurança Institucional) disse que Bolsonaro "jamais tomou conhecimento e, muito menos, incentivou a invasão da embaixada da Venezuela por partidários" de Guaidó. O órgão diz que as forças de segurança da União e do Distrito Federal atuam para tomar "providências para que a situação se resolva pacificamente e retorne à normalidade".

Quem está lá agora?

Um diplomata brasileiro foi enviado ao local junto com a PM-DF para mediar a situação. Segundo a PM, os policiais aguardam uma autorização do Ministério das Relações Exteriores para agir. O representante do Itamaraty, Maurício Correia, está negociando com os manifestantes, de acordo com a polícia. A PF (Polícia Federal) também deverá entrar nas negociações.

O ministro-conselheiro de Guaidó, Tomas Silva, está na embaixada. Em vídeo, ele disse que funcionários da embaixada no Brasil reconheceram Guaidó como presidente. "Estamos felizes, contentes. A dignidade volta, está conosco."

Também estão presentes apoiadores de Maduro, como o encarregado de negócios da embaixada da Venezuela no Brasil, Fredy Meregote, com políticos de oposição ao governo Bolsonaro, como o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS).

Ao reconhecer Guaidó como presidente da Venezuela, o governo de Bolsonaro não renovou as credenciais dos representantes do governo de Maduro. Para o Planalto, Belandria e sua equipe, ligadas a Guaidó, são os representantes do governo da Venezuela. Os diplomatas de Maduro, porém, não foram expulsos da embaixada em Brasília.

Possíveis efeitos

Diplomatas brasileiros em Caracas temem reflexos da entrada de apoiadores de Guaidó. Segundo o blogueiro do UOL Jamil Chade, eles estão receosos de que a segurança no exterior possa estar comprometida. A situação ficaria pior, na avaliação dos diplomatas, caso o governo brasileiro decida apoiar o grupo ligado a Guaidó que entrou na embaixada.

O temor é motivado por uma sinalização do filho de Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Como consequência, o governo de Maduro poderia expulsar diplomatas brasileiros em Caracas.