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OPINIÃO

Trevisan: "Se uma pandemia não é capaz de unir esse país, o que é capaz?"

Do UOL, em São Paulo

03/04/2020 04h00

A pandemia do novo coronavírus foi capaz de apaziguar diferenças entre adversários políticos como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), além de outros governadores e deputados de diferentes espectros políticos em meio a ações nas quais apenas o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não adota o mesmo tom conciliador, ou o adota apenas casualmente.

No podcast Baixo Clero #30, Maria Carolina Trevisan chama a atenção para a importância do momento no qual o mundo todo tem líderes preocupados com o avanço da covid-19 e tomando ações em conjunto com o que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda.

"Se passa de um limite de humanidade, sempre você vai ter que se juntar com o seu opositor para conseguir tirar o país de uma situação muito grave, que é o que está acontecendo. Se uma coisa dessas não é capaz de unir esse país, o que é capaz de unir esse país? Como a gente pode se perder nesse tanto que a gente não vai conseguir se reerguer por causa de disputa polarizada? Não é possível que isso aconteça", afirma Trevisan (disponível no arquivo acima a partir de 25:37).

"Quando a gente chega nesse nível de humanidade, que a gente está falando de vida ou de morte, aí não tem discussão, não é? Gostaria muito que o presidente também se colocasse nesse sentido porque, mesmo eu sendo muito crítica a ele, se ele tomasse uma postura com essa liderança, ele teria o apoio de muito mais gente, inclusive do Congresso, que ele não está tendo agora, dos governadores, do Doria, do Lula, enfim. Ele teria que ter um papel diferente do que ele está tendo, mas ele não está tendo essa percepção", completa a jornalista.

Trevisan segue a linha apontada por João Doria, que retuitou uma postagem de Lula no Twitter com a mensagem de que não é o momento para disputas ideológicas. Já Diogo Schelp acredita que a trégua entre os diferentes lados da política brasileira acabará logo que a covid-19 for controlada, mas vê erro político de Doria.

"Eu acho que não é momento de disputa política ou de ficar preso a questões do passado e assim por diante, mas eu acho que é um erro político para o Doria no sentido de dar munição para os apoiadores de Bolsonaro e tal num momento em que justamente isso também não ajuda em nada. Não acho que seja um grande problema de um lado ou de outro, talvez seja uma questão que vá ser superada rapidamente e assim que terminar a pandemia está todo mundo se digladiando de novo", afirma Schelp (a partir de 5:32).

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