DEM aposta em brilho de Mandetta e reúne caciques para planejar futuro
Resumo da notícia
- Demitido, Mandetta manterá influência na saúde e na política, avalia DEM
- Partido quer "papel nacional" para ex-ministro, que indica interesse
- Em despedida, Mandetta menciona debate internacional para além da saúde
- Formato da atuação do ex-ministro deve a ser definido em breve, dizem colegas
Às 16h14 de quinta-feira (16), Luiz Henrique Mandetta (DEM) ainda estava em reunião com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), minutos antes anunciar sua demissão, quando membros da cúpula do DEM dispararam mensagens e telefonemas para definir o futuro do agora ex-ministro da Saúde.
O comando do partido espera que o conhecimento e a atual popularidade de Mandetta lhe garantam um papel de atuação nacional na área de saúde, como um técnico suprapartidário respeitado durante e após a pandemia da covid-19. E a ideia, neste momento, é desvinculá-lo de pretensões partidárias e eleitorais para 2022.
O plano ecoa entre os caciques do partido, principalmente o presidente da legenda, o prefeito de Salvador (BA), ACM Neto, e o governador de Goiás, o médico e ex-senador Ronaldo Caiado. Mas também tem apoio entre o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP), e o líder da legenda na Câmara, Efraim Filho (PB).
De acordo com pesquisa Datafolha, divulgada no último dia 3, Mandetta tinha mais que o dobro da aprovação de Bolsonaro — 76% dos entrevistados disseram aprovar os atos da pasta na pandemia, enquanto 33% concordavam com o presidente.
Caiado diz que os números incentivam o partido inteiro a apoiar a ideia de um "papel nacional" para o ex-ministro, que é médico. "Dentro do DEM ele é 100%", afirmou o governador ao UOL.
Mandetta é uma figura nacional. A fala dele não será uma fala somente ao partido
Ronaldo Caiado, governador de Goiás
O governador entende que o conhecimento adquirido pelo ex-ministro não pode ser desperdiçado em tempos de pandemia.
Ao menos um líder importante no DEM, porém, não concorda com essa função para o recém-demitido. Onyx Lorezoni (RS), ministro da Cidadania, já admitiu em conversas com a cúpula do partido e com o ex-ministro Osmar Terra (MDB) que não fala com Mandetta há dias por causa das divergências dele com Bolsonaro.
Ao contrário de Mandetta, Onyx permanece como um dos aliados mais fiéis ao presidente da República, mesmo quando teve seus poderes diminuídos dentro do governo.
Formato de 'novo papel' será definido nos próximos dias
Caiado disse que a ideia dos novos voos para o colega cresceu nesta semana e que ela será apresentada a Mandetta em breve. A cúpula do DEM já tem recebido indicações de Mandetta de que o ex-ministro vê com bons a articulação, mas seu futuro papel precisa ser mais bem explicado nos próximos dias. Estão na mesa várias ideias como participação em associação médicas, fundações, consultorias, universidades ou mesmo organismos internacionais.
Em sua entrevista de despedida ontem, o ex-ministro deu sinais de que buscará se posicionar como uma voz ativa na sociedade. Mandetta disse que a crise da pandemia seria uma oportunidade de "repensar muita coisa em termos do que queremos nessa vida e qual estilo de vida vamos levar".
Um importante interlocutor do DEM diz que o ideal é que Mandetta apareça como um técnico respeitado no setor de saúde. E que jamais seja visto como alguém que está "com saudades" do governo ou do Ministério da Saúde e dos holofotes da imprensa.
O ex-ministro já descartou a hipótese de assumir alguma secretaria, apesar do interesse demonstrado por governadores como Caiado e João Doria (PSDB), de São Paulo, adversário político de Bolsonaro.
Último discurso do ministro
Em sua última fala como chefe da Saúde, Mandetta disse que a pandemia de covid-19 vai criar um debate internacional de ressignificado da vida, uma agenda para além da saúde pública. "Vamos procurar pensar bem mais nas próximas gerações", afirmou,
Esse debate tem sido levantado por alguns líderes mundiais em oposição ao estilo de vida ditado pelo consumismo e pela globalização, em um cenário no qual há excesso de informações, fator de estresse e ansiedade.
Ao tocar nesse tema, Mandetta demonstra que, além do trabalho técnico de gestão de equipamentos de saúde, estaria disposto a participar de discussões mais amplas.
Para ele, esses temas farão parte de uma "militância internacional que começa e já vinha sendo discutida de maneira mais abafada dentro do G20", grupo que reúne as 20 principais economias do mundo. "A gente vê que não pode deixar ninguém para trás."
"A vida hoje de uma pessoa na cracolândia tem o mesmo significado quando competir com o leito de CTI do homem mais rico desse país", concluiu.
Presidente do partido aposta em voo mais alto
Em nota após a demissão do ex-ministro, o presidente do DEM, ACM Neto, avaliou que Mandetta "conquistou a confiança da grande maioria da nossa sociedade, fazendo sua mensagem chegar a famílias em todo o país".
Ele também já indicava, desde o primeiro momento após a iminente saída de Mandetta, que o partido apostará no ex-ministro para voos mais altos no cenário político.
Não temos dúvidas de que o ex-ministro Mandetta ainda contribuirá muito para a vida pública nacional"
ACM Neto, presidente do DEM
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