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Doria ataca discurso de Bolsonaro contra Moro; Witzel questiona troca na PF

João Doria, governador de São Paulo - ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
João Doria, governador de São Paulo Imagem: ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

24/04/2020 18h29Atualizada em 24/04/2020 19h33

O discurso feito hoje por Jair Bolsonaro contra o ex-ministro Sergio Moro (Justiça) no Planalto foi duramente criticado pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB). O tucano disse que o presidente "flertou com o autoritarismo" e disse que que o pronunciamento foi "estarrecedor".

"Estarrecedor o pronunciamento de Jair Bolsonaro. Tentou justificar o injustificável. Atacou Sérgio Moro, falou coisas desconexas e flertou com o autoritarismo", disse Doria em mensagem publicada no Twitter.

Outro desafeto de Bolsonaro, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), disse que o discurso do presidente ainda deixou dúvidas sobre a troca no comando da Polícia Federal.

"Após assistir ao pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, permanece a dúvida dos brasileiros: por que o presidente quer um diretor da Polícia Federal com quem possa interagir?", questionou o governador fluminense.

Bolsonaro exonerou na edição de hoje do Diário Oficial da União o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. A decisão provocou o pedido de demissão de Moro do comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Moro saiu "atirando" do governo

O ex-juiz Sergio Moro declarou que Bolsonaro trocou o comando da PF para ter acesso a investigações e relatórios da entidade, o que é proibido pela legislação.

Em um pronunciamento forte (leia a íntegra), Moro procurou se distanciar de Bolsonaro e marcar posição. Disse que a mudança como foi feita é uma interferência política do presidente na PF e que o mandatário teme inquéritos que estão sendo avaliados pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

O ex-juiz federal era o principal nome do governo Bolsonaro. Tinha popularidade, segundo o Datafolha, mais alta que a do presidente. As taxas giram acima dos 50% de aprovação, enquanto a do presidente patina abaixo dos 40%.

A saída de Moro já provoca rachas em bancadas fiéis ao bolsonarismo, como a da segurança pública (também conhecida como "da bala"). As acusações feitas pelo ministro podem encaminhar processos no Congresso e no STF —como as sobre interferência política na PF e uma possível falsidade ideológica por constar o nome do ex-ministro na exoneração de Valeixo, que Moro nega ter assinado.

Bolsonaro contra-atacou Moro

Em pronunciamento no fim da tarde no Planalto, o presidente Jair Bolsonaro disse que Sergio Moro só pensa no próprio ego e não se importa com o bem dos brasileiros e do país. Negou ainda que tenha intenção de fazer qualquer interferência política na PF (Polícia Federal) ou que quisesse ter acesso a investigações sigilosas. As declarações foram dadas horas depois da demissão do ministro da Justiça e da Segurança Pública e da exoneração do diretor-geral da PF, Maurício Leite Valeixo.

Durante o discurso, Bolsonaro se queixou da lentidão da PF, sob comando de Valeixo e de Moro, na apuração do inquérito sobre a facada sofrida pelo então candidato à presidência na campanha eleitoral de 2018.