Mourão diz que "golpe está totalmente fora de propósito"
O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão (PRTB), disse que a possibilidade de um golpe está totalmente fora de propósito, apesar do aumento da tensão entre os poderes nas últimas semanas e de aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) evocarem o artigo 142 da Constituição, que fala sobre o emprego das Forças Armadas como poder moderador.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico publicada hoje, Mourão disse que outros períodos não podem ser repetidos atualmente "porque o mundo e o país mudaram".
"Falam de golpe. Isso está totalmente fora de propósito, fora de ordem e fora de foco. Totalmente! Totalmente! Pode ter certeza disso", disse.
A entrevista foi concedida na última sexta-feira (29). Segundo o Valor Econômico, Mourão reiterou sua visão em uma nota enviada após os acontecimentos deste domingo, quando Bolsonaro esteve novamente em um ato contra o STF (Supremo Tribunal Federal) e pró-intervenção militar, em Brasília. Em São Paulo, houve confronto após encontro de grupos a favor e contra o presidente na Avenida Paulista.
"Enquanto as atribuições dos Poderes estiverem sendo respeitadas, as decisões das autoridades acatadas e a disciplina das Forças Armadas mantida, como vem acontecendo, não há qualquer ameaça ao Estado de Direito Democrático no Brasil", diz parte da nota enviada ao jornal.
Na entrevista, Mourão disse que a escalada da tensão está relacionada à "retórica inflamada de ambos os lados". Ele ainda disse que costuma conversar com Jair Bolsonaro e pedir para que ele não se irrite com tanta frequência. Na última semana, o presidente fez duras críticas a decisões recentes do STF que divergiam de seu entendimento.
"O presidente se irrita. Essa é uma característica pessoal dele. A gente procura conversar com ele para ele não se irritar porque quem te irrita te domina. Ele compreende, mas tem hora que ele faz os desabafos dele", disse.
Para Mourão, é preciso deixar o "cara governar" para que ele seja julgado pelo eleitorado em 2022. Na sua avaliação, "a alternância democrática" fez com seja o momento de a direita apresentar seu projeto.
"Fomos governados pela esquerda e pela centro-esquerda e agora é a centro-direita e alguns da direita mais extremada. Isso é a alternância democrática. Deixa esse pacote passar. Se provar que funciona ele será eleito em 2022 e, se não funcionar, ele irá para o lixo da história. Deixa a turma cumprir sua tarefa. Se tem algo com o qual não se concorda, então entra com uma ação ou o Congresso bloqueia. Vamos baixar as tensões", disse.
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