Embaixador do Brasil nos EUA descarta risco de golpe em carta ao NYT
Nestor Forster, encarregado de negócios na embaixada brasileira em Washington e indicado a embaixador do país nos Estados Unidos, enviou uma carta ao The New York Times descartando a possibilidade de haver qualquer tipo de golpe militar no país. O jornal americano publicou ontem uma reportagem listando fatores que podem desestabilizar a democracia do Brasil.
O aumento nas mortes causadas pela pandemia do novo coronavírus, a fuga de investimentos do país e investigações que envolvem o nome do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foram alguns dos pontos levantados pelo jornal.
Na carta, Forster destacou o fato de que o regime militar foi encerrado há 35 anos no Brasil e, desde então, foi estabelecida uma democracia com bases sólidas de eleições diretas, separação de poderes e uma imprensa livre. Segundo ele, as Forças Armadas têm a missão de proteger a democracia, não atacá-la.
"A 'ameaça de ação militar' mencionada no título da peça confunde e induz os leitores a erro. A matéria também extrapola as discordâncias e os atritos que são naturais em uma democracia vibrante e acaba pintando uma narrativa exagerada", diz um trecho da carta.
Forster diz na correspondência que nenhum líder ou analista político crê na intervenção militar no Brasil, usando o próprio texto do The News York Times como base. Ele argumentou que não há nenhum militar de alta patente favorável a esse tipo de medida.
Ele pediu que o jornal não tente politizar a situação da pandemia e lembrou que Bolsonaro declarou situação de calamidade pública já em janeiro.
"A resposta brasileira à pandemia está em linha com as melhores práticas das economias avançadas, como foi reconhecido por instituições como o Banco Mundial e o FMI", afirma.
Outras medidas tomadas pelo presidente foram citadas por Forster, como a restrição à entrada de estrangeiros, os recursos suplementares para o Ministério da Saúde, a ajuda fiscal aos estados e as medidas de auxílio financeiro à população.
Forster foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos e aguarda apenas uma aprovação do plenário do Senado Federal para assumir formalmente a função. Ele já foi aprovado pela comissão da relações exteriores da Casa.
Embora não usem a palavra 'golpe', aliados do presidente Bolsonaro, entre eles o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), têm citado a possibilidade de as Forças Armadas atuarem como um "poder moderador" no momento em que se vê uma crise entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Autoridades e especialistas em Direito, porém, dizem que essa é uma interpretação equivocada do artigo 142 da Constituição Federal.
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