Bolsonaro admite possibilidade de disputar reeleição: 'Não quero descartar'
O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), admitiu hoje a possibilidade de concorrer à reeleição em 2022. Em entrevista à BandNews, ele condicionou a disputa eleitoral à possibilidade de realizar uma reforma política.
"Eu não quero descartar isso aí. O que eu falei lá atrás é que eu não disputaria uma reeleição caso fizesse uma boa reforma política — por exemplo, reduzindo o número de parlamentares. Como isso não está previsto acontecer, uma possível reeleição, a gente não descarta, mas não vivo em função disso", disse o presidente.
"Eu agi dessa maneira enquanto parlamentar, e sempre falei isso aos meus colegas parlamentares: se você se preocupar com reeleição, está fadado ao insucesso", acrescentou.
Independentemente de concorrer novamente à Presidência em 2022, Bolsonaro deixou claro que pretende concluir seu mandato "razoavelmente bem" para aumentar a chance de eleição de candidatos alinhados à Câmara dos Deputados e ao Senado.
"Eu tenho um sonho. Não é fácil a minha vida. Sabia, em grande parte, do problema que enfrentaria: Parlamento, Judiciário, sindicato. Mas se a gente continuar razoavelmente bem, temos como fazer em 2022 uma grande bancada de deputados e senadores e mudar o Brasil", argumentou.
"O pessoal tem que ter paciência. Não tenho como bater no peito. Eu acredito na democracia. Vou lutar com essas armas, apesar de alguns colegas não usarem essas armas para fazer politica. Vale a pena o sacrifício. Vale a pena para o futuro de meus filhos e netos", completou.
Em 2020, os partidos do chamado centrão indicaram uma aproximação com a base aliada de Bolsonaro no Congresso. Para o presidente, porém, a aproximação não envolve a possibilidade de oferta de cargos.
"Primeiro, como eu não tinha essa articulação, a imprensa batia em mim. Quando comecei a conversar com partidos, exceto os da esquerda, me acusaram de fisiologismo. Ninguém do dito centrão me pediu ministérios, estatais ou bancos", assegurou o presidente, que defendeu a nomeação do deputado federal Fábio Faria (PSD-RN) ao recém-recriado Ministério das Comunicações.
"É meu amigo particular de algum tempo", disse Bolsonaro, afirmando ainda que a indicação "foi minha cota pessoal para as Comunicações" e defendendo a eventual indicação de deputados para cargos.
"Ter parlamentares não tem nada a ver com fisiologismo. Temos bons parlamentares. O Fábio Faria entende do assunto, acredito muito no trabalho dele."
Inquérito das fake news
Ao longo da entrevista, o presidente ainda fez críticas ao inquérito das fake news, que tem o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, como relator. O STF deve retomar ainda nesta semana o julgamento sobre o arquivamento do inquérito, pelo pela Rede Sustentabilidade.
"A própria senhora Raquel Dodge (ex-procuradora-geral da República) pediu o arquivamento. O atual PGR, senhor Augusto Aras, também pediu arquivamento. É um inquérito que serve apenas para ele (Alexandre de Moraes). Isso não é justo, no meu entender. Está à margem da legislação brasileira. Até a busca e apreensão na casa de 29 apoiadores meus, isso não soa muito bem no Estado democrático de direito", afirmou Bolsonaro, desvinculando-se de pedidos feitos por manifestantes presentes em atos de apoio.
"Pergunto: onde é que eu provoquei o Supremo Tribunal Federal? Onde é que fui origem de problemas para o Brasil de posições minhas? Em manifestação, tem cara com placa de AI-5; é digno de pena isso. Não existe intervenção militar. O artigo 142 (da Constituição), nem precisava o ministro Luiz Fux atender ao PDT", acrescentou, referindo-se à interpretação de Fux que afirmou que a Constituição não autoriza as Forças Armadas a atuar como poder moderador.
Desta maneira, Bolsonaro afirmou que não será responsável por um golpe militar.
"Como é que eu vou dar golpe se já sou presidente, chefe supremo das Forças Armadas? Você me viu falar em controle social da mídia?", questionou.
Ex-ministros
Dois ex-ministro também foram alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro na entrevista: Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) e Luiz Henrique Mandetta (Saúde). Ambos deixaram as respectivas pastas em abril.
"O Mandetta é um bom comunicador, tinha excelente contato com uma mídia conhecida por todos. Ele ajudou a potencializar o pavor que interessava a essa rede de televisão. Com o tempo, ele começou a se julgar mais importante que o presidente. Em entrevista ao Fantástico, ele disse que o povo teria que decidir entre o presidente ou o ministro. Game over para ele", relatou.
"Quanto o senhor Sergio Moro, é uma pessoa muito ele e mais ninguém. As acusações que ele fez (sobre suposta interferência política de Bolsonaro na cúpula da Polícia Federal) não colaram. Ele disse que a prova estaria na reunião ministerial (de 22 de abril) gravada. Por azar, o ministro Celso de Mello (do STF) decidiu tornar pública toda a sessão, o que cria problema para a gente. Era uma reunião carimbada, secreta para nós. Vem outra crise pela frente que deságua em cima do Ministerio da Educação", acrescentou, citando a inclusão do ministro Abraham Weintraub no inquérito das fake news.
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