Topo

Esse conteúdo é antigo

Delação cita empresário ligado a Aécio e caixa com R$ 100 mil, diz revista

Aécio é acusado pela PGR de receber propina por intermédio do empresário Alexandre Accioly - Pedro Ladeira - 10.jul.2019/Folhapress
Aécio é acusado pela PGR de receber propina por intermédio do empresário Alexandre Accioly Imagem: Pedro Ladeira - 10.jul.2019/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

14/09/2020 10h17

A delação premiada do ex-presidente da Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) do Rio de Janeiro, Orlando Diniz, tem relatos de pagamento de propina do empresário Alexandre Accioly, ligado ao deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG). Na semana passada, as colaborações de Diniz já resultaram em uma nova fase da Operação Lava Jato que mirou escritórios de advocacia. As informações são da Revista Crusoé.

Entre os relatos de Diniz, está o episódio em que Accioly buscou uma caixa de sapatos com R$ 100 mil em seu apartamento enquanto se reunia com o ex-presidente da Fecomercio, que está preso desde 2018. Denunciado à época por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, Diniz é suspeito de ter desviado pelo menos R$ 10 milhões dos cofres públicos durante as gestões do ex-governador Sérgio Cabral, que também está preso.

Já Acciolly, conhecido por sua atuação como empresário na rede de academias Bodytech, é apontado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) como suposto intermediário num esquema de propina que teria rendido R$ 65 milhões a Aécio entre 2008 e 2011. O deputado foi denunciado pelas suspeitas em maio deste ano.

De acordo com um dos anexos do acordo de colaboração de Diniz, que é mantido sob sigilo pelo MPF (Ministério Público Federal), o ex-presidente da Fecomercio acertou com Accioly a realização do evento "Noites Cariocas" mediante pagamento de propina. O dinheiro saía dos cofres da Fecomercio e voltava em parte para Diniz.

Segundo a delação, a instituição pagou cerca de R$ 14 milhões para uma empresa de Accioly, com o empresário devolvendo R$ 700 mil em dinheiro vivo para Diniz. A colaboração também relata que os dois foram apresentados pelo então governador Sérgio Cabral.

Propina às claras

Os relatos de Diniz dizem que Accioly não se importava em tentar esconder o acerto da propina entre eles. O empresário fazia pagamentos em uma sala sem paredes e manipulava o dinheiro na hora, antes de guardar em uma mochila para que ex-presidente da Fecomercio levasse.

"Accioly recebia Orlando em sua sala, uma sala totalmente aberta, e manipulava o dinheiro para entregar a Orlando que o guardava em uma mochila. Essa sala era sem paredes e era tudo muito natural, como se fosse uma situação corriqueira naquele espaço. Accioly ainda ofereceu a Orlando a oportunidade de investir estes valores na academia Bodytech", diz parte da delação.

Já o apartamento em que Accioly apareceu com a caixa de sapatos com R$ 100 mil também teria sido palco de um almoço em homenagem a Aécio, que contou com a participação de Diniz.

O UOL tenta contato com a defesa de Accioly, mas até o momento não obteve sucesso.