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Operação Lava Jato

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Empresário cita presidente da OAB em delação, diz TV

De acordo com Diniz, em 2014 Santa Cruz pediu dinheiro "em espécie" para sua campanha à reeleição da OAB do Rio - Erbs Jr./Agif/Estadão Conteúdo
De acordo com Diniz, em 2014 Santa Cruz pediu dinheiro "em espécie" para sua campanha à reeleição da OAB do Rio Imagem: Erbs Jr./Agif/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

08/09/2020 22h05

Um documento ao qual a CNN Brasil teve acesso atesta que a delação premiada de Orlando Diniz, ex-presidente da Fecomércio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) do Rio de Janeiro, envolveu o atual presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz.

De acordo com Diniz, em 2014 Santa Cruz pediu dinheiro "em espécie" para sua campanha à reeleição da OAB do Rio. Diniz não tinha os recursos, então os dois elaboraram um contrato de fachada no valor de R$ 120 mil entre a Fecomércio e Anderson Prezia, um indicado de Santa Cruz.

"Anderson Prezia não prestou serviços efetivamente, uma vez que as causas já estavam cobertas por outros escritórios", diz o documento. Na delação, Diniz descreve Prezia como "homem da mala" de Santa Cruz.

O ex-presidente da Fecomércio diz que se aproximou de Santa Cruz em uma tentativa de ascender à Confederação Nacional do Comércio. Ele explica na delação que um dos sindicatos do Rio fazia oposição ao comando da Fecomércio e passou a ser controlado por Santa Cruz.

"QUE segundo o diretor da Fecomércio Napoleão Veloso, presidente do Sindicato de Gêneros Alimentícios do Rio de Janeiro, predominantemente formado por supermercados, e também segundo o advogado Carlos Américo Pinho, que prestava serviços para Napoleão Veloso, este novo grupo que assumiu o sindicato de empresas era liderado por Felipe Santa Cruz; QUE Felipe Santa Cruz havia orquestrado a derrubada da família Mata Roma e estava "mandando" no sindicato por intermédio de interpostas pessoas; QUE Napoleão Veloso reclamava muito da postura de enfrentamento deste grupo com os supermercados representados pelo sindicato por ele."

Orlando Diniz foi preso em fevereiro de 2018 em um desdobramento da Lava Jato. De acordo com as investigações, ele firmou contratos irregulares que somam mais de R$ 100 milhões com escritórios de advocacia para se manter no comando da Fecomércio.

À CNN Brasil, a defesa de Diniz afirmou que só se manifesta nos autos do processo. O Ministério Público Federal não quis se manifestar. Em nota à emissora, Santa Cruz diz que "rechaça com veemência as ilações mentirosas dessa delação fantasiosa". E acrescenta:

"Está clara a intenção de destruir reputações para tentar escapar de penas pesadas às quais são submetidos aqueles que, como o pretenso delator, cometem crimes."

Anderson Prezia nega ter prestado serviços para Diniz e para a Fecomércio:

"O escritório foi contratado pela entidade, em 2016, para atuar em processos trabalhistas no TRT e TST, em agravo de instrumento de recurso de revista. Naquela data, inclusive, o dr. Anderson Prezia e o dr. Felipe Santa Cruz não eram sócios. À época, o contato com o escritório foi feito via o Departamento Jurídico da entidade."

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