Câmara do Rio rejeita novo pedido de abertura de impeachment de Crivella
Resumo da notícia
- Denúncia feita pelo PSOL visava investigar se houve crime no episódio conhecido como "QG da Propina"
- Esse foi o quinto pedido de impeachment do prefeito levado a plenário na Câmara
- Base governista defendeu aguardar as eleições de outubro; Crivella é candidato à reeleição
Por 24 votos a 20, a Câmara do Rio rejeitou hoje novo pedido de abertura de processo de impeachment contra o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). A denúncia feita pelo PSOL tinha como objetivo apurar se houve crime de responsabilidade no episódio conhecido como o "QG da Propina" — suposto esquema de corrupção que, segundo o Ministério Público do RJ, contaria com a anuência do prefeito.
A votação teve seis vereadores ausentes. O presidente da Casa, Jorge Felippe (DEM), estava impedido de votar. O número fez diferença no placar final, que teve 24 votos contrários à abertura do processo contra 20 a favor. Ou seja, uma diferença maior entre votos favoráveis e contrários em comparação com a última votação. Na ocasião, a diferença foi de apenas dois votos.
Entre os faltosos, estão o vereador Paulo Messina (MDB), Rosa Fernandes (PSC), Junior da Lucinha (PL), Luiz Carlos Ramos Filho (PMN), Marcelo Arar (PTB) e Thiago K. Ribeiro (DEM).
Este é o quinto pedido de impeachment levado a votação na Câmara durante o mandato de Crivella, que nas eleições deste ano é candidato à reeleição. O pedido anterior, rejeitado no último dia 3, tratava do episódio batizado de "Guardiões do Crivella", caso que deu origem a uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).
"O prefeito agradece aos vereadores e segue dedicado e firme em seu trabalho na Prefeitura do Rio", afirmou Crivella após a decisão.
No plenário virtual, a discussão foi polarizada entre a oposição — sobretudo o PSO L— e a base governista. Enquanto o primeiro lado elencava detalhes da investigação do Ministério Público, o líder do governo na Casa, Dr. Jairinho (PSC), apelava para que os colegas aguardassem a próxima eleição.
"No momento atual, o processo está na fase de inquérito. Mas os colegas que me antecederam já condenaram o prefeito. O chefe do Executivo não é investigado nem denunciado. Então, peço que tenham um pouco de cautela porque o processo terminaria daqui a três meses e temos novas eleições", apelou.
Tarcísio Motta (PSOL) defendeu que os colegas seriam coniventes com o suposto esquema criminoso se não voltassem a favor da abertura do processo de impeachment.
"Há fortes indícios de que o prefeito liderou uma organização criminosa. E a solução para isso não é uma CPI, mas sim o impeachment", apontou. "Quem não votar a favor do pedido de abertura dessa investigação será conivente com esse absurdo. Estamos cansados. Chega. Há indícios muito claros de um esquema criminoso", protestou.
Principal defensora de Crivella na Câmara, a vereadora Tânia Bastos culpou a esquerda pelo desgaste do prefeito."Os fatos já estão sendo investigados pelos órgãos competentes. Essa atitude revela desprezo e falta de respeito pela nossa democracia. Não há denúncia concreta contra Crivella. Se o prefeito tiver que ser chamado, será para depor. Que história é essa de unir a esquerda? Eles que lutem", disparou.
O contraponto veio de Paulo Pinheiro (PSOL). Ele relembrou o episódio no qual, durante uma operação policial, o celular do empresário Rafael Alves tocou e foi atendido por um policial civil. O aparelho havia sido apreendido durante operação realizada em março (leia mais abaixo).
"Já chegamos ao ponto de o celular do Rafael Alves tocar, ser atendido pela polícia. Uma ligação de Crivella. O MP-RJ (Ministério Público) fala em lavagem de dinheiro, peculato e crime de responsabilidade. Não atribua para a esquerda, porque os fatos são muito claros. Deixem eles explicarem para nós o que está se passando", provocou Paulo Pinheiro.
Veja como votou cada vereador
- Alexandre Isquierdo (DEM): Não
- Atila A. Nunes (DEM): Sim
- Babá (Psol): Sim
- Carlo Caiado (DEM): Sim
- Carlos Bolsonaro (Republicanos): Não
- Cesar Maia (DEM): Sim
- Dr. Carlos Eduardo (Podemos): Não
- Dr. Gilberto (PTC): Não
- Dr. Jairinho (Solidariedade): Não
- Dr. João Ricardo (PSC): Não
- Dr. Jorge Manaia (Progressistas): Não
- Dr. Marcos Paulo (Psol): Sim
- Eliseu Kessler (PSD): Não
- Fátima da Solidariedade (Solidariedade): Não
- Felipe Michel (Progressistas): Não
- Fernando William (PDT): Sim
- Inaldo Silva (Republicanos): Nao
- Italo Ciba (Avante): Sim
- Jair da Mendes Gomes (Pros): Não
- João Mendes de Jesus (Republicanos): Não
- Jones Moura (PSD): Sim
- Jorge Felippe (DEM): Impedido
- Junior da Lucinha (PL): Não votou
- Leandro Lyra (Republicanos): Não
- Leonel Brizola (Psol): Sim
- Luciana Novaes (PT): Sim
- Luiz Carlos Ramos Filho (PMN): Não votou
- Major Elitusalem (PSC): Não
- Marcelino D'Almeida (Progressistas): Não
- Marcelo Sicilliano (Progressistas): Não
- Marcelo Arar (PTB): Não votou
- Paulo Messina (MDB): Não votou
- Paulo Pinheiro (Psol): Sim
- Prof Celio Luparelli (DEM): Sim
- Professor Adalmir (Progressistas): Não
- Rafael Aloisio Freitas (Cidadania): Sim
- Reimont (PT): Sim
- Renato Cinco (Psol): Sim
- Renato Moura (Patriota): Não
- Rocal (PSD): Não
- Rosa Fernandes (PSC): Não votou
- Tania Bastos (Republicanos): Não
- Tarcísio Motta (Psol): Sim
- Teresa Bergher (Cidadania): Sim
- Thiago K Ribeiro (DEM): Não votou
- Vera Lins (Progressistas): Não
- Veronica Costa (DEM): Sim
- Wellington Dias (PDT): Sim
- Willian Coelho (DC): Sim
- Zico (Republicanos): Não
- Zico Bacana (Podemos): Não
O que pesa contra Crivella
Segundo as investigações, o prefeito Marcelo Crivella teria um papel de protagonismo no esquema de corrupção, assim como o empresário Rafael Alves, de quem era próximo. Conversas obtidas pelo Ministério Público indicam que os dois se falavam frequentemente, marcando reuniões e caminhadas.
De acordo com o Ministério Público (MP-RJ), as empresas interessadas em fechar contratos ou que tivessem recursos pendentes para receber da Prefeitura entregavam cheques a Rafael Alves, que facilitaria a assinatura dos contratos e o pagamento das dívidas.
Ele é irmão de Marcelo Alves, que foi presidente da Riotur até ser exonerado no final de março. O órgão é responsável, por exemplo, pela organização do Carnaval e do Réveillon cariocas, e Marcelo era conhecido como uma "figurinha carimbada" no mercado de eventos.
Em março, quando a polícia fazia uma busca no apartamento de Rafael Alves, seu celular tocou. Do outro lado da linha era o prefeito Marcelo Crivella, que teve a ligação atendida por um policial.
O aparelho celular com detalhes das conversas trocadas entre Crivella e Alves foi apreendido na última quinta-feira (10). Na ocasião, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e a Polícia Civil fizeram buscas na casa de Crivella, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio; na sede da Prefeitura, e no Palácio da Cidade. A ação foi um desdobramento da Operação Hades, deflagrada em março deste ano.
Após a ação da última quinta-feira, Crivella classificou a ação da polícia e do Ministério Público como "injustificada". Ele alegou que, dias antes da operação, deixou seus sigilos bancário, telefônico e fiscal à disposição do MP-RJ.
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