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'Não é entrar na OCDE que vai nos tornar desenvolvidos', diz Barroso

Barroso citou a elevação da ética e o enfrentamento da pobreza extrema como requisitos para o desenvolvimento - Carlos Moura/SCO/STF
Barroso citou a elevação da ética e o enfrentamento da pobreza extrema como requisitos para o desenvolvimento Imagem: Carlos Moura/SCO/STF

Do UOL, em São Paulo

23/11/2020 12h11Atualizada em 23/11/2020 13h49

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, afirmou hoje que, para se tornar um país desenvolvido de fato, o Brasil precisa focar em resolver seus problemas estruturais, e não em querer entrar na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

"A elevação da ética pública e da ética privada, o enfrentamento da pobreza extrema e um capítulo à parte aqui, que não vou ter tempo [de falar], que é o da educação básica, são, ao meu ver, capítulos indispensáveis [para o desenvolvimento do Brasil]", afirmou o ministro durante o lançamento virtual da graduação em Direito do Insper.

Não é entrar na OCDE que vai nos tornar desenvolvidos: é superar esses problemas estruturais e crônicos de ética, de pobreza e de educação
Luís Roberto Barroso, ministro do STF e do TSE

Ainda na visão de Barroso, furar o "cerco da renda média" e alcançar um alto grau de desenvolvimento também gerará impactos positivos na democracia brasileira.

"A democracia é um projeto de autogoverno coletivo em que todos podem e devem participar. Todavia, tanto a apropriação privada do Estado quanto a pobreza extrema fazem com que as pessoas se sintam excluídas e, consequentemente, presas fáceis do discurso anti-establishment", afirmou.

"Isso tudo se soma, eu penso, com o sistema eleitoral de baixa representatividade, em que as pessoas não se sentem representadas e nem se quer sabem quem as representam", finalizou.

No caminho da OCDE

A OCDE, conhecida como o 'clube dos países ricos' devido ao elevado PIB per capita (Produto Interno Bruto por habitante) de seus integrantes, é um órgão internacional formado por 37 países que trabalham conjuntamente em pesquisas e estudos para a melhoria de políticas públicas.

No início de novembro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) encaminhou mensagem ao Congresso Nacional dizendo que abriria em breve uma representação da OCDE no Brasil.

Desde 1996, o Brasil é considerado um parceiro-chave da OCDE. Porém, desde 2017, o país tenta, até agora sem sucesso, ingressar como membro oficial do órgão. A abertura do escritório faz parte do projeto do governo brasileiro de entrar na organização.

Para se tornar um país-membro da OCDE, o Brasil precisa adotar uma série de regulamentações e medidas - 252, no total - e ser aceito pelos mais de 20 comitês do órgão.

Em meados de outubro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Brasil deve entrar na OCDE em até um ano e que o país já atingiu dois terços dos requerimentos necessários para tanto.