Teich diz que governo deveria se planejar sobre vacinas: 'falar é pouco'
O ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, afirmou hoje que o governo deve se planejar para um programa de vacinação contra a covid-19. Em entrevista à CNN, ele citou a dificuldade em executar um plano no Brasil, país continental.
"Entre planejar e entregar há uma distância enorme", começou ele. "Qualquer plano hoje em um país continental como o Brasil é difícil, mas falar é pouco, o que conta é a entrega".
Ele também criticou os ataques entre o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador João Doria (PSDB). "Não pode ser uma competição. A vacina é da sociedade brasileira".
Anteontem (7), o tucano discursou a "todos os brasileiros" e fez críticas contra a gestão federal. "Triste o Brasil que tem um presidente que não tem compaixão pelos brasileiros, que abandonou o Brasil e os brasileiros", declarou Doria. "Não estamos fazendo negacionismo nem protelando o que pode ser feito de imediato."
Do lado do Planalto, o presidente tem usado a vacina para atacar o governador. Em outubro, o presidente desautorizou publicamente o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que havia anunciado a intenção de compra da CoronaVac, a qual chamou de "vacina chinesa de João Doria".
'Mudanças políticas'
Teich também criticou as mudanças repentinas do governo em relação à vacina contra a covid-19. Hoje, pela terceira vez, o Ministério da Saúde alterou a previsão da data inicial de vacinação nacional.
Segundo o general Eduardo Pazuello, que comanda a pasta, se houver aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e se o governo federal conseguir doses da vacina produzida pela Pfizer, seria possível começar a vacinação em dezembro ou janeiro.
"Quando se tem planejamento e estratégia definida, isso não muda toda hora. Em situações onde posições caem rapidamente, se criam preocupações da mudança ser mais política do que técnica".
O ex-ministro também questionou a falta de precisão dos números apresentados pelo governo em relação aos insumos, como seringas.
"O ideal é definir números, porque isso é transparente. Quantas pessoas vão ser imunizadas em cada fase? Onde elas vão estar? A partir daí posso dizer que vacinas poderão ser usadas. Neste momento, o que vai definir a capacidade de entrega é a precisão dos números", disse.
No início do mês, o governo Bolsonaro apresentou um plano de vacinação contra a covid-19, mas médicos e especialistas em saúde pública ouvidos pelo UOL apontam uma série de buracos e questões logísticas.
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