Lula ataca Moro e Bolsonaro, agradece Fachin e fala como candidato
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a atacar hoje o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e agradeceu ao ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), em seu primeiro pronunciamento após a anulação das condenações na Lava Jato.
Sem assumir se irá disputar a eleição em 2022, Lula falou como candidato por cerca de uma hora e meia e depois respondeu perguntas por mais uma hora. Relembrou seus anos de governo e pregou a união entre os brasileiros, em uma cutucada ao atual presidente. Mas o principal alvo foi mesmo Moro e a Lava Jato.
Sei de que fui vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos de história [do Brasil]
Em discurso na sede do sindicato dos metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, o ex-presidente declarou também que ainda espera que Moro seja considerado um juiz parcial.
Nós vamos continuar brigando para que o Moro seja considerado suspeito, porque ele não tem o direito de se transformar no maior mentiroso da história do Brasil e ser considerado herói por aqueles que queriam me culpar. Deus de barro não dura muito tempo.
"Tenho certeza que hoje ele [Moro] deve estar sofrendo muito mais do que eu sofri. Tenho certeza que o [procurador Deltan] Dallagnol está sofrendo muito mais do que eu sofri, porque eles sabem que cometeram erros, e sabia que não tinha cometido erros", disse o presidente.
Eleição de 2022
Nós vamos discutir se vai ter candidato de frente ampla [de esquerda], se vai ter um candidato do PT, mas aí é mais para frente. Nós temos muita coisa para fazer antes de pensar em nós mesmos.
Lula tentou evitar falar em candidatura, mas cometeu um ato falho e chegou a pedir votos
O mercado quer ganhar dinheiro vendo o povo virar consumidor nesse país? Comendo coisa de melhor qualidade, viajando. Tem que votar em mim. Agora, se quiser ver, às minhas custas, a entrega da soberania nacional, não votem em mim, tenham medo mesmo. Por que nós não vamos privatizar. (...) O mercado quer que eu libere armas? Não vote em mim, porque eu vou distribuir livros, nós vamos gerar emprego e ter carteira profissional assinada
Ciro Gomes
Lula também rebateu Ciro Gomes, que disse ao UOL que sua candidatura em 2022 seria um circo.
O Ciro Gomes sabe quem eu sou. O Ciro Gomes precisa assumir a responsabilidade que ele é um homem de 64 anos de idade, ele não pode falar as meninices que achava que era engraçado quando era jovem. Se ele quer ser presidente, ele tem que aprender uma coisa: tem que respeitar as pessoas (....) Ele não vai ter apoio da esquerda, não vai ter a confiança da direita e vai ter menos votos que ele teve na eleição [passada].
Globo e a imprensa
O que é engraçado é que durante longos cinco anos amplos setores da imprensa não exigiram nenhuma veracidade do Moro, dos procuradores, da Polícia Federal para divulgar as mentiras que eles contavam ao meu respeito.
O petista declarou que "pela primeira vez a verdade prevaleceu" e elogiou a TV Globo.
Fiquei muito feliz porque depois da divulgação de tanta mentira contra mim, ontem acho que nós tivemos um Jornal Nacional épico. Acho que quem assistiu televisão não estava acreditando no que estava vendo. Pela primeira vez a verdade prevaleceu. Dita não por alguém do PT, dita pelo presidente da Segunda Turma do STF, no discurso do Gilmar Mendes, dita pelo Ricardo Lewandowski, e dita até pela Cármen Lúcia que nunca tinha visto nada igual aquilo.
Luciano Huck
O Huck? Porra, o Huck está jogando bafo falando de cinco linhas. Pô, fiquei tão chateado, um cara que considero um cara bom de TV, um menino que progrediu na vida, mas ele não conhece figurinha, porque quando ele falou que figurinha repetida não vale nada, ele não sabe que figurinha repetida carimbada vale por um álbum inteiro. Ele não sabe...
No Twitter, o apresentador Luciano Huck comentou a situação de Lula dizendo que "figurinha repetida não completa álbum".
Agradecimento ao Fachin
O ex-presidente também a gradeceu ao ministro Fachin, que anulou as sentenças contra o petista, mas criticou a demora na decisão.
Anteontem foi um dia gratificante. Sou agradecido ao ministro Fachin porque ele cumpriu uma coisa que a gente reivindicava desde 2016. A decisão que ele tomou, tardiamente, cinco anos depois, ela foi colocada por nós desde 2016
Governo Bolsonaro
Este país não tem governo, este país não cuida da economia, não cuida do emprego, não cuida do salário, não cuida da saúde, não cuida do meio ambiente, não cuida da educação, não cuida do jovem, não cuida da menina da periferia
Em sua fala, Lula relembrou seus oito anos à frente do Brasil e procurou, sempre que pode, fazer um paralelo com o governo Bolsonaro, e acenou para os mais diferentes setores.
Para governar um país, um presidente da república tem que conversar com os sindicalistas, tem que conversar com os empresários. Me parece que o Bolsonaro só conversa com o Loro da Havan. Não tem reunião produtiva com empresários. Eu tinha um conselho com cem pessoas que participava dirigente de sindicato, empresários, índio, pastor, padre, bispo, negro, porque eu queria ouvir a sociedade. Bolsonaro não junta ninguém. Junta milicianos não mostra a cara nas entrevistas dele para dizer: 'Vai ter mais armas, estou liberando mais quatro armas, logo logo vai ter canhão para todo mundo
"Este povo não está precisando de armas, está precisando de emprego, carteira profissional, salário, livro. O estado tem que estar presente na periferia desse país. Será que o Bolsonaro não leu nada do que a gente fez?", ironizou Lula.
O medo do mercado
O que que você acha que o mercado tem medo de mim? Esse mercado já conviveu com o PT oito anos no meu governo e mais seis anos no governo da Dilma. Do que o mercado tem medo? Você seria capaz de me dizer qual é a lógica em o mercado ter medo? Ele tem de ter medo no seguinte: Eu vou era contra e sou contra a autonomia do Banco Central. É melhor o Banco Central estar na mão do governo do que estar na mão do mercado.
Acompanhe a íntegra da fala de Lula:
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