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Ministra Cármen Lúcia encaminha para PGR notícia-crime contra Salles

Ricardo Salles é alvo de notícia-crime feita pela PF do Amazonas e também pelo PDT - Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo
Ricardo Salles é alvo de notícia-crime feita pela PF do Amazonas e também pelo PDT Imagem: Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

27/04/2021 19h59

A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia encaminhou hoje à PGR (Procuradoria-Geral da República) notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. A ação refere-se a pedidos do PDT e da Polícia Federal para que a corte processe e julgue supostas infrações penais cometidas pelo ministro, investigado pela PF por denúncias de ter favorecido madeireiros ilegais na maior apreensão de madeira nativa do País.

"Pelo exposto, nos termos do inc. XV do art. 21 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, determino que seja a presente petição encaminhada para manifestação da Procuradoria-Geral da República", diz trecho da decisão da ministra Cármen Lúcia.

A ministra cobra posicionamento da PGR diante da "gravidade incontestável" dos fatos.

Na semana passada, o delegado Alexandre Saraiva, ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas, reforçou as acusações feitas ao STF dizendo que Salles favoreceu madeireiros "de forma muito explícita", e denunciá-lo não era apenas uma opção, e sim obrigação.

O delegado foi afastado do cargo no último dia 15, um dia após enviar a ação contra o ministro ao Supremo. A troca foi oficializada pelo governo federal, e a Superintendência da PF no Amazonas agora ficará sob o comando do delegado Leandro Almada da Costa.

"Ele [Salles] estaria atuando e favorecendo os madeireiros, e isso foi feito de uma forma muito explícita. Tem vídeo dele apontando para a placa de uma empresa investigada que, segundo ele, 'estava tudo certinho' e que, na verdade, em relação a esta empresa, já existia até laudo pericial apontando as ilegalidades cometidas", disse Saraiva em entrevista ao jornal O Globo.

Ele, que atuava na Amazônia desde 2011, disse ainda que nenhum outro ministro do Meio Ambiente fez ingerência ou criticou seu trabalho como Salles. Segundo Saraiva, a pressão sofrida após enviar as denúncias contra Salles ao STF foi "um ponto fora da curva".

Em transmissão ao vivo nas redes sociais do chefe do Planalto, Salles rebateu acusações referentes ao desmatamento ilegal. "Quem fiscaliza o Ministério do Meio Ambiente é o meu chefe presidente Jair Bolsonaro. Nenhum país vai fiscalizar o Ministério do Meio Ambiente, não", disse. (Veja o vídeo abaixo)

Apesar do descontentamento de outros países, e pressão interna cada vez maior pela demissão de Salles, Bolsonaro não deu sinais de que irá ceder.

Cúpula do Clima

Durante fala na Cúpula dos Líderes sobre o Clima, ocorrida na semana passada, o presidente Bolsonaro declarou que pretende cumprir com o que já foi combinado no Acordo de Paris, mesmo com números de desmatamento ilegal batendo recordes no Brasil.

No ano passado, Bolsonaro ficou de fora de outro encontro de líderes para debater mudanças climáticas após a ONU (Organização das Nações Unidas) rejeitar o plano nacional de redução de emissões de gases de efeito estufa.