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Bolsonaro critica Doria por ir a hotel sem máscara: 'Sunguinha apertadinha'

Do UOL, em São Paulo

10/06/2021 20h33Atualizada em 10/06/2021 21h09

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a fazer ataques ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB) — desta vez, porque o tucano foi visto tomando sol, sem máscara, em um hotel no Rio de Janeiro. Sem citá-lo nominalmente, Bolsonaro chamou Doria de "hipócrita" e disse que o governador deu "péssimo exemplo".

"Estamos vendo aí um governador, não vou falar de que estado é. Ele fecha seu estado, ou vai para Miami, ou foi agora plotado em um hotel do Rio de Janeiro, com a sunguinha apertadinha. Não vou falar o nome dele aqui, [estava] dando um péssimo exemplo. Está de brincadeira, né, cara? Tem que dar exemplo, tinha cadeira do lado", disse o presidente durante sua live semanal, sugerindo que Doria estava aglomerando.

Fui ameaçado de multa em São Paulo [por aglomerar]? Estou sendo ameaçado de multa. 'Ah, porque aqui ele é um cidadão igual outro qualquer'. Ô, hipócrita, você não respeita seu povo, não respeita ninguém, vai ameaçar presidente da República? Não tem moral para mais nada, [está] completamente descredibilizado no seu estado, tomou medidas ditatoriais no seu estado.
Jair Bolsonaro, dirigindo-se a João Doria

As imagens de Doria que circularam nas redes sociais datam do último sábado (5). Nelas, o governador aparece tomando sol à beira da piscina do hotel Fairmont Rio de Janeiro Copacabana, um dos mais tradicionais da capital fluminense. Na segunda (7), em nota ao UOL, a assessoria de Doria disse que ele estava em um momento de descanso com a esposa e "não promoveu nenhum tipo de aglomeração".

Bolsonaro quase nunca respeita as chamadas medidas não farmacológicas para evitar a disseminação da covid-19. Além de participar e promover aglomerações — como o passeio de moto no Rio, em 23 de maio —, o presidente não costuma usar máscara em público. Mais cedo, ele afirmou que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prepara um parecer para desobrigar o uso da proteção para vacinados e já contaminados, apesar do risco de reinfecção.

Na live, Bolsonaro voltou a apoiar o fim da obrigatoriedade do uso de máscara e disse que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, vai fazer um estudo para avaliar essa possibilidade. "Vai ficar refém de máscara até quando? Está servindo para multar gente?", questionou.

Segundo especialistas, porém, a vacina não é um passe-livre para as pessoas deixarem de usar as máscaras e fazerem aglomerações. Os imunizantes, de acordo com suas eficácias, reduzem as chances do adoecimento e, com isso, diminuem a transmissão da doença, mas não eliminam por completo o risco de infecção.

"Infelizmente é isso que as pessoas esperam, elas querem algo que seja 100% eficaz, ou seja, protege completamente. Você está vacinado, você fica de corpo fechado e, de preferência, 0% de efeitos diversos. Primeira notícia: isso não existe. Nem para vacinas, nem para medicamentos. O que existe sempre é uma redução do risco e um aumento do benefício", explicou a microbiologista Natalia Pasternak, em participação no UOL Debate de 4 de maio.