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TSE dá 15 dias para Bolsonaro explicar declarações sobre fraudes em urnas

Bolsonaro votando Primeiro Turno - Reuters - 7.out.2018
Bolsonaro votando Primeiro Turno
Imagem: Reuters - 7.out.2018

Do UOL, em São Paulo

21/06/2021 19h27

O corregedor do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Luís Felipe Salomão, deu hoje prazo de 15 dias para que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) explicar declarações sobre supostas fraudes nas urnas eletrônicas. Foi instaurado ainda, por meio de portaria, procedimento administrativo para apurar a existência ou não de elementos concretos que possam ter comprometido os pleitos de 2018 e 2022.

Bolsonaro, políticos aliados e apoiadores têm lançado o discurso de desconfiança sobre a segurança das urnas eletrônicas. Eles defendem a adoção do voto impresso —um comprovante impresso da votação na urna eletrônica— e afirmam que, sem a mudança, a eleição de 2022 não será confiável.

Reportagem publicada este mês pelo UOL mostrou, no entanto, que não há nenhum indício de fraude nas eleições brasileiras desde que urnas eletrônicas foram adotadas, em 1996. Uma auditoria feita pelo próprio PSDB não encontrou fraudes em 2014, quando Dilma Rousseff (PT) venceu Aécio Neves no segundo turno.

Considerando o teor das manifestações indicadas no anexo da portaria, que há inconformidades no processo eleitoral, oficie-se às autoridades que surgiram para que apresentem, no prazo de 15 dias, evidências ou informações de que disponham, relativas à ocorrência de quaisquer fraudes ou inconformidades Trecho de despacho assinado pelo ministro Luís Felipe Salomão

Barroso desafia Bolsonaro

O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou em maio que a narrativa criada por bolsonaristas trata-se, na verdade, de "um discurso político". Na semana passada, Barroso foi além e disse que, diante das acusações sobre supostas fraudes eleitorais, Bolsonaro tem "dever cívico" de apresentar provas.

Nunca houve fraude documentada. Jamais. Apenas o pedido de auditoria solicitado pelo então candidato Aécio Neves e que não se apurou impropriedade porque não há. Se o presidente da República ou qualquer pessoa tiver provas [sobre fraude] tem o dever cívico de entregá-la ao Tribunal e estou com as portas abertas. O resto é retórica política, são palavras que o vento leva Presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, em resposta a falas de Bolsonaro sobre fraudes em urnas eletrônicas

Para Barroso, o voto impresso irá criar um risco que não existe ao sistema eleitoral brasileiro.

PF quer investigar denúncias

A direção da Polícia Federal pediu às 27 superintendências regionais da PF no Brasil para que forneçam todas as denúncias relacionadas a supostas fraudes ocorridas em urnas eletrônicas. A informação foi publicada inicialmente pelo jornal O Globo, e confirmada pelo UOL.

A PF quer que todas as denúncias recebidas desde a implantação do equipamento, em 1996, sejam encaminhadas à Dicor (Diretoria de Combate ao Crime Organizado).

Segundo a fonte ouvida pelo UOL, na condição de anonimato, o pedido ocorreu há alguns dias e, portanto, antes do desafio lançado pelo ministro Luís Roberto Barroso a Bolsonaro, para que ele apresente provas sobre as fraudes que tanto fala.