Marina Silva: Salles operava uma política 'nefasta' comandada por Bolsonaro
A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) disse hoje, durante o UOL News, que o ex-ministro da pasta Ricardo Salles, que pediu demissão ontem, foi um "verdadeiro demolidor da política e governança ambiental brasileira", mas que ele atuava como um operador de uma política "nefasta" comandada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Uma coisa que a gente tem que ter clareza é que o Ricardo Salles era um operador do presidente Jair Bolsonaro. Quem opera, quem faz o comando dessa política nefasta é o presidente Jair Bolsonaro. Portanto, o atual ministro, se ele quiser fazer alguma coisa, ele vai ter que parar de ouvir o presidente. Porque a estratégia do Bolsonaro é clara: ele escalou um primeiro time de demolidores, e a gente pode verificar isso quando ele escalou ministros. O Ricardo Salles foi lá para destruir a política ambiental brasileira. Ele é o primeiro ministro antiambientalista"
Marina Silva em entrevista ao UOL News
A ex-ministra declarou que Bolsonaro, após colocar ministros "demolidores", ele troca para "ministros do bandeide" que assim como o Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, tem que administrar as ações demolidoras dos antigos responsáveis pelas pastas.
Marina declarou o novo ministro, Joaquim Álvaro Pereira Leite, que atuou em entidade ruralista por 23 anos e era da Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais, já "estava no entorno do Salles". Ela ainda disse que enquanto Leite estava gerindo a secretaria, as políticas de combate ao desmatamento na região não funcionaram, pois o desmatamento da Amazônia aumentou.
'Passar a boiada'
A ex-ministra ainda comentou um dos episódios ocorridos durante a gestão de Salles, quando foi divulgada a fala dele durante a reunião ministerial de 22 de abril de 2020, na qual o ex-ministro defendeu que o governo aproveitasse o foco da imprensa na cobertura da pandemia do novo coronavírus para aprovar reformas "infralegais" de todos os tipos. Para Salles, aquela seria a hora de "passar a boiada" e simplificar normas "de baciada".
"[É] Lamentável, deplorável, quando nós tínhamos ali uma situação de comoção social, pessoas perdendo vidas, a gente estava ali em um momento muito difícil que não tínhamos respostas em relação aos procedimentos mínimos para a questão da covid-19 e o ministro celebrando aquilo como uma oportunidade para burlar os mecanismos de mudança na lei", afirmou Marina.
Para a ex-ministra, o atual governo diz combater a corrupção, mas não o faz quando recebe denúncias que giram em torno deste poder. Marina também ponderou a importância de entender e punir os danos causados ao patrimônio natural público.
"Esse governo que fica falando de combate à corrupção, ele recebe denúncias de corrupção e a atitude dele, em vez de investigar os corruptos e os corruptores, é de perseguir aqueles que fazem as denúncias. (...) As pessoas têm que compreender que o roubo do patrimônio público natural é tão grave quanto roubar o dinheiro público", finalizou.
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