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Aziz: Bolsonaro pode jogar 'dejeto' na CPI, mas não faça isso com o povo

O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid, comentou reação de Bolsonaro às perguntas feitas por senadores - Jefferson Rudy/Agência Senado
O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid, comentou reação de Bolsonaro às perguntas feitas por senadores Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Colaboração para o UOL

08/07/2021 21h28Atualizada em 08/07/2021 22h20

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), comentou a reação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à carta enviada por integrantes da Comissão a ele. "Sabe qual a minha resposta, pessoal? Caguei", disse Bolsonaro, hoje à noite, em sua live semanal.

Momentos depois, Aziz, em entrevista à CNN Brasil, rebateu a fala do presidente. Sem repetir exatamente as mesmas palavras e expressões usadas por Bolsonaro, o parlamentar sugeriu que o chefe do executivo responda à população brasileira, e não à CPI.

"Agora, tudo bem, o senhor pode jogar qualquer 'dejeto' na CPI. Mas não faça isso com o povo brasileiro. Responda o povo brasileiro, presidente", disse o senador. E completou: "talvez ele pense isso da CPI, tenha vontade de fazer isso com a CPI. Tenho certeza que o presidente não vai usar esse adjetivo que ele usou agora ao povo brasileiro".

Aziz cobrou do presidente respostas sobre as denúncias feitas pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), que em depoimento à CPI, na semana passada, afirmou ter comunicou a Bolsonaro sobre irregularidades nas negociações para compra da vacina indiana Covaxin. Na reunião, o presidente teria prometido agir - o que não foi feito -, e citado o nome do líder do governo no Congresso, o deputado Ricardo Barros (PP-PR).

Na noite de hoje, durante sua live semanal, o presidente Jair Bolsonaro desprezou a carta e não comentou as acusações feitas pelos irmãos Miranda. Disse, também, que os membros da CPI "não estão preocupados com a verdade" e que não iria "responder nada para esse tipo de gente, em hipótese alguma".

"Hoje foi o Renan [Calheiros (MDB-AL)], o Omar [Aziz (PSD-AM)] e o saltitante, fizeram uma festa lá embaixo, na Presidência, entregando um documento para eu responder. Sabe qual a minha resposta, pessoal? Caguei", disse.

A carta é assinada por Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues. Segundo o vice-presidente da CPI, o documento tem como objetivo dar a Bolsonaro a oportunidade de se manifestar. (Para ler a carta na íntegra, clique aqui)

Respostas e depoimento de Ricardo Barros

O deputado Ricardo Barros, por sua vez, nega as acusações de envolvimento na compra da Covaxin. Ele tem feito pedidos para ser ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito. Hoje, o político recorreu ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski para que o seu depoimento seja agendado para "a próxima sessão após a intimação da liminar" ou antes do recesso parlamentar, que começa em 18 de julho.

No twitter, Ricardo Barros escreveu uma "carta a Bolsonaro" na qual diz que basta a CPI ouvir a ele e a Precisa Medicamentos, que intermediou as negociações. Para o deputado, a decisão de não chamá-lo para depor é uma estratégia para "manter a falsa narrativa de que há irregularidade".

Em entrevista à CNN, Omar Aziz defendeu que não há motivos para ouvi-lo, porque não há o que ser explicado no Senado. E sugeriu que Barros cobre respostas de Bolsonaro. O presidente da Comissão lembrou que a suspeição não foi feita pelos senadores.

"Ele não pode inverter as coisas. Ele tem que questionar: 'Bolsonaro, eu sou seu líder, você disse praquele deputadozinho [sic] que eu era o cara que estava por trás disso?'", sugeriu.