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Manifestantes fazem atos contra Bolsonaro e pró-vacina em todos estados

Carolina Farias, Carlos Madeiro, Hygino Vasconcellos, Rafael Neves, Stella Borges e Herculano Barreto

Colaboração para o UOL, no Rio, em Maceió e Balneário Camboriú (SC), e do UOL, em São Paulo

24/07/2021 04h00Atualizada em 24/07/2021 20h47

Manifestantes voltaram às ruas hoje (24) para protestar contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em todas as capitais do país.

Também ocorreram manifestações em cidades do exterior, como Viena, na Áustria, Berlim, na Alemanha, e Tóquio, no Japão, sede dos Jogos Olímpicos. Os protestos acontecem três semanas após os últimos atos contra o presidente.

Chamados de #24JForaBolsonaro, os protestos voltam a levantar a bandeira do impeachment de Bolsonaro, além de pedidos por mais vacinas, auxílio emergencial de R$ 600 e empregos.

Pelo país, a maior parte dos manifestantes usa máscara de proteção contra a covid-19. Os protestos ocorrem, majoritariamente, de forma pacífica.

Rio de Janeiro

A manifestação no Rio tomou quase toda a avenida Presidente Vargas, no centro, na manhã de hoje. Foram ao menos cinco quarteirões da via. O ato terminou por volta das 14h e às 14h20 o trânsito foi totalmente liberado na avenida.

Os organizadores estimam que 75 mil pessoas participaram do ato na capital fluminense. A Polícia Militar, que acompanhou todo o protesto, não informou qual a sua contagem de público.

Políticos também marcaram presença no ato. Em muitos trechos, os manifestantes mantiveram uma distância segura entre si. A maior parte usava máscaras de proteção contra a covid-19.

"Cada vez mais o povo vê que esse governo é corrupto, é responsável por mais de 540 mil mortes, [pelo] desemprego. O Brasil se levanta cada vez mais", disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Brasil, Paulo Farias.

A enfermeira aposentada Sara Miranda, 71 anos, se apresentou no protesto com as Filhas de Gandhi, grupo folclórico tradicional no Rio.

"Sou aposentada, depois de 34 anos de trabalho. De forma geral, nenhum aposentado tem aumento. Esse governo trata a vida com descaso. A vida não é copo descartável", disse Sara Miranda.

Sara Miranda, 71 anos, foi com as Filhas de Gandhi à manifestação contra Bolsonaro no Rio - Carolina Farias/UOL - Carolina Farias/UOL
Sara Miranda, 71 anos, foi com as Filhas de Gandhi à manifestação contra Bolsonaro no Rio
Imagem: Carolina Farias/UOL

São Paulo

Manifestantes começaram a se concentrar em frente ao MASP, na avenida Paulista, por volta de 16h. A via foi bloqueada nos dois sentidos.
Em meio aos cartazes, há até uma representação dos e-mails da Pfizer endereçados ao presidente, em uma referência ao vídeo do humorista Rafael Chalub, que ironizou as supostas ofertas de vacina ignoradas por Bolsonaro na pandemia.
"É uma tentativa de tornar lúdico algo que a gente vê no cenário político. Isso serve lembrar as pessoas que a gente já estaria vacinado se Bolsonaro tivesse feito o trabalho dele", disse Patrick Aguiar, 20 anos, estudante de Gestão Pública na USP.

Maceió

No Nordeste, seis das nove capitais realizaram atos pela manhã. Em Maceió, o protesto ocorreu na orla de Pajuçara e Ponta Verde e teve com um dos alvos o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que mora na cidade. Cartazes cobraram a abertura do processo de impeachment contra Bolsonaro — cabe a Lira decidir se abre o processo ou não.

Recife

No Recife, manifestantes levaram um caixão preto gigante com a frase "fora Bolsonaro". Muitas bandeiras do Brasil também foram levadas pelas entidades que organizaram o ato, que teve concentração na praça do Derby.

São Luís

Manifestantes em São Luís exibiram cartazes com preços de itens básicos, para denunciar a inflação em alta. Com um carrinho de supermercado repleto de itens da cesta básica, a "Brigada de Ações Simbólicas" circulou pelas ruas do centro da cidade com um megafone reclamando dos preços.

Salvador

Em Salvador, o ato ocorreu em Campo Grande. Os manifestantes improvisaram uma cela de prisão e "prenderam" um homem representando o presidente. Uma placa dizia: "destino final do genocida."

João Pessoa

Em João Pessoa, manifestantes carregaram faixas e cartazes contra o presidente e em defesa da educação.

Fortaleza

Em Fortaleza, a manifestação saiu da praça Portugal por volta das 16h30. Um dos pontos de destaque foi o apoio ao padre Lino Allegri, que precisou ser incluído no programa de proteção após ser hostilizado dentro de uma igreja em Fortaleza por bolsonaristas, uma semana após fazer críticas ao presidente.

Aracaju

Manifestantes realizaram ato em Aracaju, onde levaram uma grande faixa simulando uma nota de um dólar com os dizerem "genocida corrupto."

Teresina

Em Teresina, o ato teve carro de som e cartazes com pedidos para que as pessoas não abandonassen o uso da máscara de proteção contra a covid-19.

Belém

No Norte, três das sete capitais também tiveram atos nesta manhã. Em Belém, a manifestação ocorreu na Praça da República e focou na inflação, com destaque em placas para a alta nos preços do botijão de gás e da energia elétrica.

Palmas

Em Palmas, manifestantes se concentraram no posto Trevo. Alguns deles produziram uma grande placa com uma pergunta: "Bolsonaro comprou o centrão, ou o centrão comprou Bolsonaro?"

Boa Vista

Goiânia

Campo Grande

Cuiabá

Brasília

Em Brasília, o ato mais de três goras horas e terminou pouco antes das 18h, quando os manifestantes começaram a se dispersar. Pacífica, a manifestação começou no Museu Nacional e deu uma volta pela Esplanada dos Ministérios, passando pela frente do Congresso.
O ato foi capitaneado por partidos de oposição e teve a presença de lideranças de esquerda como a presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), e sua colega de legenda na Câmara, Erika Kokay (DF). Em discurso num dos carros de som, Gleisi pediu o impeachment de Bolsonaro e criticou figuras do governo como o ministro da Defesa, general Braga Netto.
"Não é um general, ministro da Defesa, que vai ameaçar esse Brasil. Um general que hoje ganha R$ 100 mil por mês e enriquece às custas do sofrimento do povo brasileiro. Não, senhor general. Aqui tem democracia", discursou Gleisi, em alusão à advertência que Braga Netto teria feito ao Congresso condicionando as eleições do ano que vem à aprovação do voto impresso.

Florianópolis

Na capital catarinense, o protesto durou pouco mais de três horas. Algumas pessoas usavam máscaras de jacaré —uma referência à fala de Bolsonaro, no ano passado, de que a Pfizer não se responsabilizaria se as pessoas virassem jacarés após serem vacinadas. E havia ainda faixas pedindo a saída do presidente.

Segundo o presidente do Instituto Arco-íris de Direitos Humanos, Denilson Machado - que participou da organização do protesto, cerca de 30 mil pessoas participaram do ato. A Polícia Militar não divulgou estimativa.

A concentração do protesto ocorreu no início da tarde no Largo da Alfândega, no centro. Dali, os manifestantes saíram em caminhada por ruas e avenidas da cidade. O ato na capital catarinense iniciou por volta das 13h e se encerrou por volta das 16h30, sem incidentes.

Porto Alegre

Na capital gaúcha, a concentração ocorreu na Praça Montevideo, em frente à prefeitura. No local, foi colocada uma réplica de um boi, na qual foram escritas frases contra Bolsonaro. Uma faixa verde e amarela foi colocada no pescoço da réplica. Dali, o grupo partiu para uma caminhada pelo Centro da cidade.
Os manifestantes carregavam faixas de partidos políticos, de movimentos sociais, de apoio às pautas LGBTQIA+, além de cartazes pedindo o impeachment do presidente.
A organização estimou a participação de 95 mil no ato na capital gaúcha -- a Brigada Militar não divulgou levantamento de público. Após a concentração, o grupo partiu em caminhada pelo Centro da cidade até chegar ao Largo Zumbi dos Palmares. Por volta das 18h30, o protesto se encerrou, sem incidentes, segundo a presidente do PT municipal, Maria Celeste.

Curitiba

Em Curitiba, a manifestação se concentrou inicialmente na praça Santos Andrade, em frente ao prédio histórico da UFPR (Universidade Federal do Paraná). Um carro de som acompanhou os manifestantes, que seguravam faixas de partidos políticos, de movimentos sociais e com pedidos pela saída de Bolsonaro da presidência.
Um manifestante usou uma máscara com o rosto de Bolsonaro e subiu na carona de uma motocicleta, em representação às motociatas organizadas pelo presidente. Na frente dele, outra pessoa conduzia o veículo, com máscara da morte - do filme Pânico.

O protesto durou cerca de quatro horas, encerrando após as 18h.

Exterior

Usuários do Twitter compartilharam imagens de protestos realizados em cidades no exterior:

Organizadores criticam 'aventuras autoritárias'

Os organizadores dos protestos deste sábado criticaram o que chamaram de "aventuras autoritárias" de Bolsonaro: falas do presidente sugerindo, sem qualquer prova, que haveria fraudes nos votos por urna eletrônica nas eleições presidenciais em 2022, e indicando até mesmo que poderia não haver pleito se o voto impresso não fosse adotado.

Em nota publicada na quarta (21), partidos e centrais sindicais convocaram a população para protestos na avenida Paulista, em São Paulo. Em 3 de julho, protestos contra Bolsonaro na avenida Paulista reuniram partidos historicamente rivais, como PT e PSDB.

Segundo os organizadores, integrantes do MDB também estarão no protesto de hoje. A ideia é ampliar a participação para além do campo da esquerda, atraindo outras vozes do centro e da centro-direita.

Essa ampliação, contudo, não é consenso. No ato anterior em São Paulo, membros do PCO (Partido da Causa Operária) tentaram expulsar pessoas do PSDB e criaram uma confusão já na dispersão do evento.

A organização orienta o uso de máscaras e de álcool em gel e manutenção do distanciamento social durante as manifestações.

Em 29 de maio e em 19 de junho, também houve atos contra o governo com milhares de pessoas nas ruas.

Os apoiadores de Bolsonaro, por sua vez, estão intensificando a realização de motociatas em apoio ao presidente, que comparece a algumas delas. Em maio, houve motociata no Rio; em junho, em São Paulo. Em 10 de julho, foi a vez de Porto Alegre. Bolsonaro pretendia comparecer a uma motociata em Manaus, no dia 17, mas cancelou sua participação após uma obstrução intestinal.

Os atos de hoje acontecem às vésperas do Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, comemorado no dia 25 de julho, e terão participação da Coalizão Negra por Direitos.

Veja locais e horários dos protestos de hoje nas capitais:

Norte

  • Macapá: Praça da Bandeira, às 16h
  • Belém: Praça da República, às 8h
  • Porto Velho: Praça do CEU, às 8h30, e Campo Florestão, na av. Jatuarana, às 16h
  • Boa Vista: Praça Germano Sampaio, às 9h
  • Palmas: Posto Trevo, às 8h

Nordeste

  • Salvador: Campo Grande até praça Municipal, às 10h
  • Fortaleza: Praça Portugal, às 15h
  • São Luís: Praça Deodoro, às 9h
  • João Pessoa: Carreata e Caminhada Mercado Publico de Mangabeira, rumo à praça da Paz, às 9h
  • Recife: Praça do Derby, às 10h
  • Teresina: Praça Rio Branco, às 8h
  • Natal: Midway, às 15h
  • Aracaju: Praça do Leite Neto (Av. Hermes Fontes/Palácio do Governo), às 14h

Centro-Oeste

  • Brasília: Museu Nacional, às 15h
  • Goiânia: Praça do Trabalhador, às 9h
  • Campo Grande: Praça do Rádio, às 9h

Sudeste

  • Vitória: Praça Jucutuquara, às14h
  • Belo Horizonte: Praça da Liberdade, às 13h30
  • Rio de Janeiro: Monumento Zumbi, às 10h
  • São Paulo: Masp, às 15h

Sul

  • Florianópolis: Largo da Alfândega, às 13h
  • Porto Alegre: Prefeitura, às 15h

Exterior

  • Frankfurt am Main (Alemanha), às 16h (horário local)
  • Freiburg im Breisgau (Alemanha), às 13h (horário local)
  • Montréal (Canadá), às 15h (horário local)
  • Toronto (Canadá), às 15h (horário local)
  • Newark (EUA), às 12h (horário local)
  • Boston (EUA), às 13h (horário local)
  • Los Angeles (EUA), às 11h (horário local)
  • Nova York (EUA), às 16h (horário local)
  • Paris (França), às 17h (horário local)
  • Braga (Portugal), às 18h
  • Lisboa (Lisboa), às 18h (horário local)
  • Porto (Portugal), às 16h30 (horário local)
  • Londres (Reino Unido), às 13h e 15h (horário local).