CPI pauta para amanhã pedido de quebra de sigilo de Ricardo Barros
A CPI da Covid pautou para amanhã a análise e votação do requerimento para pedir a quebra dos sigilos telefônico, fiscal, bancário e telemático do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara. O parlamentar já teve sua convocação aprovada no fim de junho, mas a data de seu depoimento ainda não foi marcada.
O requerimento foi apresentado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Na justificativa, ele lembra que em 25 de junho, durante depoimento à CPI, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) disse que Bolsonaro teria citado o nome de seu líder ao ouvir as denúncias de supostas irregularidades no contrato para compra da vacina Covaxin. Na ocasião, segundo Miranda, o presidente disse: "Isso é coisa do Ricardo Barros".
Desde então, Bolsonaro tem rechaçado todas as acusações de corrupção envolvendo essa negociação, mas nunca negou a menção a Barros. Ele vem mantendo o deputado na liderança do governo sob a alegação de que "falta materialidade" nas denúncias contra ele.
"A informação do deputado Miranda; o reconhecimento silente do senhor presidente da República; [e] as relações do senhor Ricardo Barros com esse segmento específico da administração pública federal (...) constituem o coroamento de um complexo probatório que vincula, de maneira indelével, o senhor Ricardo Barros aos fatos que são objeto de investigação por esta CPI", argumenta Vieira.
Cumpre recordar, por pertinente, que se trata do deputado federal indicado pelo chefe do Executivo federal para a importante função de líder do governo federal na Câmara dos Deputados. Cuida-se, sabe-se bem, de pessoa cujas ações representam o governo e cujo comportamento simboliza a qualidade e a natureza da administração pública federal do Brasil de hoje.
Alessandro Vieira, senador
Volta aos trabalhos
Suspensa por duas semanas durante o recesso parlamentar, a CPI da Covid retoma as atividades amanhã com uma mudança na composição e expectativa de novas frentes de apuração. Desde a última audiência da comissão, no dia 15 de julho, os senadores receberam mais de 100 remessas de documentos sobre pessoas e empresas investigadas.
Foi durante a pausa nos trabalhos que vieram à tona questões além das ações do governo no combate à pandemia e que também devem entrar na mira da CPI. Uma delas é a falsificação de documentos entregues ao Ministério da Saúde em nome da Bharat Biotech, fabricante da vacina Covaxin.
As fraudes, já reconhecidas pela CGU (Controladoria-Geral da União), levaram o laboratório a romper o acordo com a Precisa Medicamentos, que deixou de representar o grupo indiano no Brasil. Nesta semana, o dono da Precisa, Francisco Maximiano, foi à Índia para tentar reverter o quadro. A empresa alega que a adulteração nos documentos foi feita pela Envixia, empresa dos Emirados Árabes que é parceira da Bharat.
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