Militares conheciam Bolsonaro e não podem mostrar surpresa, diz professor
Em participação no UOL News, o professor Rodrigo Prando, cientista político da Universidade Presbiteriana Mackenzie, avaliou que o desfile de veículos militares na Esplanada dos Ministérios hoje tinha como intenção promover um espetáculo para a base de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Para ele, a aproximação de Bolsonaro das Forças Armadas não é uma surpresa, já que os militares estão, junto com os liberais, evangélicos e representantes de parte do agronegócio, desde o início presente no governo.
"De todos esses grupos que apoiaram o presidente [no início do mandato], alguns deles poderiam dizer que foram enganados, mas o único grupo que não pode dizer isso porque conhecia Bolsonaro desde a sua formação são os militares", disse Prando. "Os militares não podem dizer 'opa, não sabia quem era Bolsonaro'. Sempre souberam."
O professor também entende que a marcha de blindados ocorrida em Brasília no mesmo dia da votação da PEC do voto impresso evidencia o esvaziamento político do presidente da República.
"Se a ideia da passagem de blindados significaria a demonstração de poder, na verdade, o que temos é um esvaziamento de poder porque a governabilidade está nas mãos do Centrão e o presidente paulatinamente vai se esvaziando pra 2022."
PEC do voto impresso
A votação da PEC do voto impresso acontece na Câmara dos Deputados, após o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), confirmar o pleito mesmo com a rejeição do texto na comissão especial, na semana passada.
Rodrigo Prando avalia que a proposta não será aprovada como uma resposta dentro da legalidade contra o estilo "confrontador" de Jair Bolsonaro. "Ele atacou e confrontou. Agora, paulatinamente, tem recebido de volta a ação das instituições que foram por ele atacadas cotidianamente."
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