Mourão diz que operação contra Sérgio Reis e deputado é 'processo legal'
O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) disse hoje que a operação da PF (Polícia Federal) contra o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ) e o cantor Sérgio Reis ocorreu dentro do que prevê o processo legal.
"Num inquérito, para poder se obter as provas necessárias, como é que é feita a investigação? Seja por meio de depoimento das pessoas que estão investigadas, seja apreendendo material na busca dessas provas. Obviamente tudo com autorização da Justiça, se não foge aquilo que prevê o devido processo legal. Então vamos aguardar o que vai emergir disso tudo", afirmou.
Mourão também comentou sobre o procurador-geral da República, Augusto Aras —em julho do ano passado, a PGR denunciou ao STF (Supremo Tribunal Federal) o deputado bolsonarista Otoni pelos crimes de difamação, injúria e coação no curso do processo.
"Augusto Aras é um homem sério. Para determinar que ocorra uma investigação mais aprofundada ele tem que ter dados mais consistentes, não meros indícios. Acho que ele esperou que esses dados se tornassem capazes de permitir ação dessa natureza e agiu."
Entenda o caso
A PF cumpriu na manhã de hoje mandados de busca e apreensão, autorizados pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Segundo a corporação, o objetivo das medidas é apurar "o eventual cometimento do crime de incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes."
Um áudio e um vídeo que circularam nas redes sociais no fim de semana levaram o cantor Sérgio Reis a integrar também o noticiário político. Nas gravações, o ex-deputado apareceu convocando uma greve nacional de caminhoneiros contra os 11 ministros do STF, alvo constante de Bolsonaro, de quem Reis é aliado. Lideranças dos caminhoneiros, no entanto, dizem que o cantor não os representa.
No domingo (15), durante entrevista ao influenciador bolsonarista Oswaldo Eustáquio, Sérgio Reis chorou, defendeu Bolsonaro e disse que nunca quis agredir ninguém, e nem deseja fazê-lo agora, como publicado pela Folha de S.Paulo. O cantor também voltou a convocar pessoas para a manifestação organizada por apoiadores do presidente, marcada para 7 de setembro.
Após o áudio e o vídeo viralizarem, a Polícia Civil do Distrito Federal decidiu instaurar um inquérito para apurar suposta associação voltada para o cometimento de pelo menos três crimes em manifestações previstas para setembro: ameaça, dano e "expor a perigo outro meio de transporte público".
Em nota, a Polícia Civil do DF citou o nome de Sérgio Reis, mas disse não haver previsão para o depoimento dos envolvidos. O UOL procurou a assessoria do cantor a respeito da operação de hoje e aguarda retorno.
Já Otoni, bolsonarista de primeira hora, foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) ao STF em julho do ano passado pelos crimes de difamação, injúria e coação no curso do processo.
O parlamentar, investigado pelo STF em inquérito que apura seu envolvimento em atos antidemocráticos, divulgou um vídeo em suas redes sociais com ofensas ao ministro Alexandre de Moraes, se referindo a ele como "lixo", "canalha" e "esgoto do STF".
Após a decisão judicial que determinou que os ataques fossem retirados das redes, o parlamentar admitiu ter extrapolado "limites éticos" ao chamar de "déspota" o ministro do STF.
Hoje, após ser alvo da ação, o parlamentar disse que não vai recuar e "deixar de falar o que pensa".
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