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Bolsonaro repete em SP a mentira de que voto no país não é 'auditável'

Saulo Pereira Guimarães

Do UOL

07/09/2021 16h45Atualizada em 08/09/2021 09h49

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a repetir neste dia 7 de setembro a mentira de que o atual sistema eleitoral brasileiro não é auditável — ou seja, de que não permitiria a conferência dos votos feitos pelos eleitores — e pediu de novo a implantação do sistema do voto impresso na disputa de 2022, apesar de o projeto já ter sido derrubado pelo Congresso.

"A alma da democracia é o voto. Não podemos admitir um sistema eleitoral que não oferece segurança por ocasião das eleições", disse o presidente durante o protesto realizado na avenida Paulista, em São Paulo, na tarde desta terça-feira, quando voltou a repetir ameaças golpistas contra o STF (Supremo Tribunal Federal) e incitou desobediência às decisões do ministro Alexandre de Moraes.

Em ataque direto ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, Bolsonaro disse: "Não é uma pessoa que vai nos dizer que esse processo é seguro e confiável porque não é", afirmou. "Não posso participar de uma farsa como essa patrocinada ainda pelo presidente do TSE".

O TSE afirma que o voto eletrônico, usado hoje no Brasil, é auditável antes, durante e depois das eleições. Consultado pelo UOL em junho, o tribunal informou que, antes das votações, os partidos políticos e outras entidades podem acompanhar o momento em que as urnas são lacradas.

Além disso, no dia da votação, é realizado o procedimento conhecido como Auditoria de Funcionamento das Urnas Eletrônicas. Ele consiste em um teste de integridade de urnas sorteadas em todos os estados para confirmar o bom funcionamento dos equipamentos. A auditoria também é aberta a representantes de partidos e outras instituições, como Ministério Público e OAB.

Após a votação é possível ainda checar o resultado anunciado pelo TSE por meio da soma dos Registros Digitais de Voto (RDV), emitidos por cada uma das urnas. Estes documentos podem ser acessados por qualquer cidadão e, de acordo com o tribunal, substituem a necessidade do voto impresso.

Desde a adoção das urnas eletrônicas no Brasil, em 1996, nunca houve comprovação de fraude nas eleições. Essa constatação foi feita não apenas por auditorias realizadas pelo TSE, mas também por investigações do MPE (Ministério Público Eleitoral) e por estudos independentes. Além disso, as urnas eletrônicas são auditáveis e este procedimento é feito durante a votação.

De acordo com o TSE, a adoção do voto impresso abriria espaço para problemas hoje inexistentes. "Nós vamos entrar num túnel do tempo e voltar à época das fraudes, em que as pessoas comiam votos, as urnas desapareciam, apareciam votos novos", afirmou em junho o ministro Barroso.

O presidente do TSE é um dos principais alvos das críticas de Bolsonaro e de simpatizantes do chefe do Executivo nas manifestações de hoje.

Já Barroso usou as redes sociais hoje para dizer que o amor ao Brasil e à democracia une os brasileiros, sublinhando que não deve haver "volta ao passado", em postagem no Twitter a propósito do feriado de 7 de Setembro.

"Brasil, uma paixão. Brancos, negros e indígenas. Civis e militares. Liberais, conservadores e progressistas. Desde 88, a vontade do povo: Collor, FHC, Lula, Dilma e Bolsonaro. Eleições livres, limpas e seguras. O amor ao Brasil e à democracia nos une. Sem volta ao passado", disse ele.