Aziz defende impeachment de Bolsonaro: 'Presidente nunca fez autocrítica'
O senador Omar Aziz (PSD-AM) disse hoje que votaria pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) caso ele fosse pautado na casa. A declaração do político, dada no UOL News desta manhã, revela uma mudança de opinião, já que também no UOL News do dia 19 de julho, Aziz afirmou que não defendia o impeachment de ninguém.
"Votaria sim (pelo impeachment), não só pelo que ele falou dos ministros do Supremo, mas principalmente na atuação dele na omissão da pandemia. Não chegamos agora a 600 mil mortes à toa", afirmou Omar, lembrado dos ataques golpistas de Bolsonaro nos protestos de 7 de setembro.
Na última terça-feira, 7, Bolsonaro participou de atos pró-governo em Brasília e em São Paulo. Na capital paulista, o presidente xingou o ministro do STF Alexandre de Moraes e disse que não iria mais cumprir decisões assinadas por ele. As declarações de Bolsonaro foram bastante criticadas, até que na quinta-feira, 16, ele recuou ao divulgar uma carta, que disse, dentre outros, respeitar as instituições da democracia brasileira.
Sobre o recuo de Bolsonaro, Aziz diz que não encara o gesto como uma autocrítica do presidente. Para ele, o chefe do Executivo do país agiu de forma estratégica.
O presidente nunca fez autocrítica em relação à imunização de rebanho, em relação à China. Foi fazer agora, depois de cinco meses que estamos falando. A natureza do presidente Bolsonaro é aquela carona que o escorpião pega, atravessa o rio e depois pica aquele que deu a carona
Omar Aziz
Manifestação deste domingo
Aziz também avaliou as manifestações deste domingo contra o governo. Apesar de dizer que os atos não tiveram uma grande quantidade de pessoas, o senador afirmou que houve uma grande representatividade por parte de quem foi.
"De um lado houve pessoas querendo o impeachment do presidente e, do outro, já pensando em candidaturas à presidente da República, e isso não é bom", disse o senador.
Os protestos deste domingo foram organizados por organizações como o MBL (Movimento Brasil Livre) e o Vem Pra Rua. Durante os atos em São Paulo, vários pré-candidatos à Presidência discursaram, como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) e o ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta (DEM).
Relatório final da CPI
Presidente da CPI da Covid, Omar Aziz disse que o relatório final da comissão deve ser apresentado até o próximo dia 24. Ele defende que as investigações iniciadas no Senado continuem nas outras instâncias de poder e instituições controladoras pelo país.
(O relatório) vai desnudar as omissões e o não comprometimento em relação à doença, a forma como foi tratada a doença. Sempre dizia, nós não queremos vingança, queremos justiça, e o relatório vai vir fazendo justiça às quase 600 mil mortes que tivemos. Não tem outra forma. Será muito contundente em relação a esses atores principais, que eram responsáveis por ter feito o enfrentamento da pandemia
Omar Aziz
Aziz foi questionado sobre o alinhamento do procurador-geral da República, Augusto Aras, ao presidente Jair Bolsonaro ser uma barreira para que a investigação chegue até ele. O senador disse que a "blindagem" do PGR ao presidente não é "eterna".
"A blindagem não é nada eterna. Não vai ter como ele não tomar providência, não fazer diligência, a cobrança vai ser muito grande", diz Aziz.
O senador afirma que, além da PGR, o relatório também será enviado aos presidentes da Câmara, do Senado, do TCU (Tribunal de Contas da União), do STF (Supremo Tribunal Federal), do STJ (Superior Tribunal de Justiça), além das defensorias públicas estaduais. Aziz também cita instituições internacionais e até o Tribunal Penal Internacional, que fica em Genebra, na Suíça,
Não podemos achar que vamos entregar um relatório e ele vai ficar adormecido. Iremos entregar sim o relatório a tribunais internacionais. Ontem, se ventilou um senador ser destacado para entregar em Genebra
Omar Aziz
Sobre as possíveis autoridades que serão apontadas como investigadas no relatório final da CPI, Aziz cita "metade do primeiro e segundo escalão do Ministério da Saúde". Sem dizer nomes, o senador fala em "pessoas que tiveram uma participação direta na forma irresponsável como foi conduzida a pandemia".
"A CPI é a primeira parte, a segunda parte é aprofundar as investigações, porque tem muitos locais que a gente não tem como chegar além do que a CPI vai mostrar; e a terceira parte, tenha certeza absoluta que esses óbitos que tiveram no Brasil será feita justiça contra aquelas pessoas que cometeram equívocos e erros", diz Aziz.
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