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Citado no relatório da CPI, Flávio diz que Renan o persegue por 'vingança'

Do UOL, em São Paulo

20/10/2021 17h21Atualizada em 20/10/2021 17h52

O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) acusou hoje o relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), de agir impulsionado por "vingança pessoal" na hora de apontar o indiciamento dele (Flávio) no relatório final das investigações da comissão.

"Ele tinha esse viés de perseguição e ficou bravo comigo quando o chamei de vagabundo. Ele ficou desnorteado e partiu para uma vingança pessoal", afirmou Flávio Bolsonaro em transmissão ao vivo realizada hoje nas redes sociais.

O fato mencionado por Flávio ocorreu ainda no início dos trabalhos da CPI, em maio, quando o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi à comissão e xingou o senador alagoano.

"Imagina um cidadão honesto sendo preso por um vagabundo, que é o senador Renan Calheiros?!", indagou Flávio na época, saindo em defesa de Fabio Wajngarten, ex-secretário executivo do Ministério das Comunicações, que prestava depoimento na ocasião

"Vagabundo é você, que roubou dinheiro do pessoal do gabinete", rebateu Renan Calheiros, fazendo alusão às denúncias de "rachadinha" que envolvem o senador fluminense. Na sequência, a sessão foi suspensa pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM).

Na live transmitida hoje, Flávio Bolsonaro voltou a chamar o senador alagoano de "vagabundo", fazendo isso repetidas vezes enquanto lia uma lista de 20 crimes que Renan Calheiros teria supostamente praticado enquanto relator da comissão.

Entre os crimes que, na visão de Flávio, Renan teria praticado, estão tipificações previstas na Lei de Abuso à Autoridade e no Código Penal, como antecipar atribuição de culpa, antes mesmo de "concluídas as apurações e formalizada a acusação", calúnia, difamação e perseguição.

"O senhor (Renan Calheiros) está muito mal-intencionado. Não suba nos caixões de mais de 600 mil vítimas da covid-19", disse Flávio Bolsonaro em outro momento da transmissão.

Também hoje, mais cedo, Flávio Bolsonaro, ao comentar sobre como o presidente recebeu o relatório final da CPI, imitou gargalhada do pai (veja o vídeo acima). "É uma piada de muito mau gosto o que o senador Renan Calheiros faz", afirmou a jornalistas no Senado.

O que diz o relatório

No relatório final da CPI, Renan Calheiros pede o indiciamento de Flávio Bolsonaro e de outros dois filhos do presidente Bolsonaro — o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) —, apontando a prática de incitação ao crime.

Conforme o relatório, o trio teria atuado em um núcleo de distribuição e disseminação de conteúdos desinformadores sobre a covid-19, com a "função de dirigir a organização e orientar estrategicamente as ações realizadas nos níveis inferiores da hierarquia".

"De forma mal-intencionada e visando interesses próprios e escusos, provocaram grande confusão na população, levando as pessoas a adotarem comportamentos inadequados para o combate à pandemia de covid-19", afirmou o relatório do senador Renan Calheiros.

Outro trecho do documento aponta que "um relatório da PF (Polícia Federal) em poder desta CPI mostra que perfis falsos utilizados para disseminar desinformação e ameaças eram operados por assessores de Flávio Bolsonaro".

Na sequência, o relatório lista ocasiões para corroborar a argumentação, como as em que Flávio distorceu um vídeo do médico Drauzio Varella sobre a covid-19 e propagandeou a hidroxicloroquina e azitromicina como medicamentos capazes de curar a covid-19 — o que é mentira.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.