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Luis Miranda diz que pedirá apuração sobre suposta espionagem de Bolsonaro

Luis Ricardo e Luis Claudio Miranda supostas irregularidades na contratação da vacina indiana Covaxin - Agência Senado
Luis Ricardo e Luis Claudio Miranda supostas irregularidades na contratação da vacina indiana Covaxin Imagem: Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

23/10/2021 13h15Atualizada em 23/10/2021 16h06

O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) disse que acionará a Polícia Federal para investigar se ele foi espionado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). À revista Veja, o parlamentar disse que foi perseguido e filmado após seu depoimento na CPI da Covid, que investigou ações do governo federal durante a pandemia.

Em junho, ao lado do irmão Luis Claudio Miranda, que é servidor do Ministério da Saúde, o parlamentar denunciou na CPI supostas irregularidades na negociação de compra da vacina indiana Covaxin. Ele afirma que as informações foram entregues a Bolsonaro em encontro no Palácio do Planalto no dia 20 de março, mas que o presidente não tomou nenhuma atitude.

À Veja, Luis Miranda diz que foi perseguido por bolsonaristas em pontos estratégicos do Congresso e em locais frequentados por ele. Em um dos episódios, narra Miranda, ele foi filmado ao chegar para uma reunião. Segundo ele, a tentativa era comprovar uma conspiração com os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, e Omar Aziz (PSD-AM), presidente da comissão, para derrubar o governo.

"Irei entrar com um pedido de investigação por parte da Polícia Federal para saber se eu fui grampeado de forma ilegal, espionado de forma ilegal e até se estavam pretendendo fazer algum mal ou até tirar a minha vida para impedir que eu falasse a verdade. O presidente sabe o que ele falou para mim", afirmou Miranda em entrevista à Veja.

Miranda diz acreditar que o comando para a espionagem tenha partido do próprio Bolsonaro. Para ele, a suposta ação do presidente é "covarde". O parlamentar ainda declarou que o presidente "sofreria impeachment no dia seguinte" se ele revelasse a íntegra da conversa entre eles, que ocorreu em março.

A espionagem só mostra que o presidente desde o início estava tentando encobrir algo que ele sempre teve conhecimento que ocorria dentro do Ministério da Saúde. Ele sabe que se viesse a público detalhadamente a forma como ele adjetivou as pessoas com quem hoje ele anda 'ombradamente', ele sofreria processo de impeachment no dia seguinte.
Deputado Luis Miranda em entrevista à revista Veja

Denúncias dos irmãos Miranda

No fim de junho, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) revelou ter encontrado Bolsonaro em 20 de março para denunciar supostas irregularidades na negociação de compra da vacina indiana Covaxin, intermediada pela Precisa Medicamentos. O parlamentar também disse que informou ao presidente que o irmão Luis Ricardo estaria sofrendo pressões para aprovar a importação do imunizante.

Convocados à CPI da Covid, os irmãos Miranda detalharam a sequência de acontecimentos, bem como o encontro com Bolsonaro. Durante o depoimento, o deputado federa disse, ainda, que o presidente da República citou o nome do deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, ao ouvir as denúncias de irregularidade.

Depois, o presidente confirmou ter se encontrado com Luis Miranda. Bolsonaro, porém, nunca comentou sobre a suposta menção a Ricardo Barros.

Nesta semana, o ajudante de ordens de Bolsonaro, Jonathas Diniz Vieira Coelho, confirmou em depoimento à Polícia Federal o encontro do presidente com o deputado federal Luís Miranda. Segundo ele, em março deste ano, o político lhe enviou mensagens pedindo que avisasse ao presidente sobre "um esquema de corrupção pesado".