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Defesa de Moro cobra PGR sobre falta de oportunidade para indagar Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

08/11/2021 17h02Atualizada em 08/11/2021 17h15

A defesa de Sergio Moro cobrou uma posição da PGR (Procuradoria-Geral da República) sobre questões transcorridas no depoimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no inquérito que apura supostas interferências indevidas do chefe do Executivo na PF (Polícia Federal).

A petição foi apresentada hoje ao STF (Supremo Tribunal Federal), ao ministro Alexandre de Moraes, com pedido para encaminhamento à PGR. Os advogados de Moro cobram uma posição da procuradoria sobre a PF ter ouvido Bolsonaro sem ter, antes, os comunicado.

O depoimento de Bolsonaro — sem a defesa de Moro ter sido comunicada, além de sem a presença da PGR —, apontou a defesa, ocorreu de "forma diversa daquela observada por ocasião das declarações prestadas" pelo ex-juiz, ocasião em que tudo isso ocorreu.

Segundo os advogados, a defesa deveria ter sido comunicada com antecedência mínima de 48 horas para que, caso desejasse, pudesse acompanhar o depoimento de Bolsonaro, o que acabou não acontecendo.

Na última quinta-feira (4), após as primeiras notícias sobre o depoimento de Bolsonaro, Rodrigo Sánchez Rios, advogado de Moro, disse que a defesa do ex-juiz havia sido "surpreendida" com as informações, sem ter sido intimada previamente sobre.

De acordo com ele, o procedimento adotado pela PF acabou impedindo a defesa de "formular questionamentos pertinentes" ao presidente Jair Bolsonaro, "nos moldes do que ocorreu por ocasião do depoimento prestado pelo ex-ministro em maio do ano passado".

Na ocasião do depoimento prestado em maio de 2020, o ex-ministro da Justiça disse que o presidente Bolsonaro "pediu" a ele o controle da superintendência da PF no Rio de Janeiro com o intuito de favorecer pessoas próximas em investigações.

Depoimento

Bolsonaro prestou depoimento na última quarta-feira (3). Na ocasião, ele se defendeu das acusações de Moro, que pediu, em abril do ano passado, demissão do Ministério da Justiça afirmando que o presidente buscava interferir na PF para favorecer pessoas próximas.

Bolsonaro negou qualquer ingerência na PF, mas confirmou que, em meados de 2019, solicitou ao então ministro Moro a troca do diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo, "em razão da falta de interlocução que havia entre o presidente da República e o diretor da Polícia Federal".

Em reunião ministerial em abril de 2020, tornada pública após as acusações de Moro, Bolsonaro reclamou e disse que não esperaria algo acontecer com a família ou com amigos dele no RJ porque não poderia "trocar alguém da segurança na ponta de linha".

No depoimento à PF, Bolsonaro disse que estava se referindo ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional), cobrando segurança pessoal ao filho Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador no Rio de Janeiro, e que não estava falando em interferir na PF por causa de investigações.

No depoimento à PF, porém, o mandatário ignorou ter mencionado "amigos meus" na reunião ministerial. Também não houve pergunta da PF sobre quais amigos seriam esses. A segurança fornecida pelo GSI é dedicada a familiares próximos do presidente, não a amigos dele.