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Após pane no app, PSDB chama nova empresa para avaliar sistema

Aplicativo do PSDB apresenta problemas para a votação nas prévias - Hanrrikson de Andrade/UOL
Aplicativo do PSDB apresenta problemas para a votação nas prévias Imagem: Hanrrikson de Andrade/UOL

Hanrrikson de Andrade e Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

23/11/2021 16h14Atualizada em 23/11/2021 18h32

A cúpula do PSDB passou o dia em reuniões, nesta terça-feira (23), para avaliar como reparar os problemas no aplicativo de votação nas prévias à presidência. À tarde, o partido chamou uma empresa de tecnologia para que seu sistema seja avaliado pelas candidaturas. Os tucanos estudam a possibilidade de contratar esta empresa.

Após instabilidade com a ferramenta no último domingo (21), o pleito interno foi pausado sem data para retomada. O presidente do partido, Bruno Araújo, a Executiva Nacional e as campanhas de Arthur Virgílio (AM), Eduardo Leite (RS) e João Doria (SP) estão reunidos em Brasília para chegar a um consenso. A estimativa é que cerca de 3.500 tucanos, menos de 5% do total, tenham votado no pleito.

No começo da tarde, a presidência da legenda chegou a negar que a troca de desenvolvedores já tenha sido realizada. A Executiva chamou a empresa de tecnologia Relatasoft, que vai abrir o sistema e apresenta-lo às três campanhas para a avaliação. Uma das possibilidades é que ela assuma a operação.

O aplicativo foi desenvolvido Faurgs (Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul) exclusivamente para as prévias. No domingo, a fundação divulgou uma nota dizendo que estava "investigando todas as possíveis causas da instabilidade".

Caso não haja "conserto", a tendência é que os técnicos da RelataSoft recomendem mudanças na linguagem de programação e no código desenvolvido originalmente a fim de viabilizar o voto de mais de 40 mil filiados que não conseguiram usar o app das prévias no último domingo.

Questões tecnológicas e anseios políticos

Muitas possibilidades foram levantadas sobre como retomar o pleito, de troca do desenvolvedor à adoção por voto com cédula de papel ou SMS. O principal desafio do partido é alinhar as questões tecnológicas aos anseios políticos.

Doria e Virgílio querem que a votação seja retomada no próximo domingo (28), quando seria realizado o segundo turno, algo que, até então, parece o mais provável. Já Leite defendia que a votação ficasse aberta no app por mais 48h, o que não aconteceu, e agora fala em resolver o problema a questão "o quanto antes".

Ontem (22), após mais uma reunião com as campanhas, o partido divulgou uma nota afirmando que o resultado deverá sair até domingo. As campanhas, por sua vez, acham que isso poderá demorar mais tempo caso uma nova empresa assuma o processo.

Problemas no app

Desde o início da votação, na manhã de domingo, tucanos de todo o país relataram dificuldade para acessar a ferramenta via reconhecimento facial e registrar seus votos. De acordo com o diretório paulista, o app chegou a ficar 4h fora do ar durante a manhã.

O aplicativo foi desenvolvido exclusivamente para a votação das prévias à presidência da República para que filiados de todo o país pudessem votar. Inicialmente, a votação online seria das 7h às 15h, mas foi estendida até as 18h por causa da instabilidade.

Os problemas na ferramenta desagradaram em especial o diretório de São Paulo. Em carta conjunta, o PSDB do estado e da capital pedem "providências" da Executiva Nacional para resolver o problema.

O tema é caro a Doria porque, como São Paulo representa 62% dos cadastrados, o grupo de filiados sem mandato é o seu principal trunfo no pleito. Há um comentário entre o PSDB paulista de que a comitiva nacional estaria fingindo normalidade para prejudicar Doria.

Para não ficar atrás, o PSDB-RS convocou a reunião com o objetivo de "avaliar as condições e a evolução da votação".

Entre a equipe de Doria, que já vem reclamando do aplicativo desde que ele foi lançado, não está descartada a possibilidade de judicialização —a depender do resultado.

Além da votação por app, também houve votação presencial, na Convenção do partido no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Os candidatos se reuniram e, junto a lideranças e mandatários do partido, votaram por urna eletrônica.

A votação presencial não teve problemas e as urnas já foram remetidas à sede do partido para apuração.

Desenvolvedora está investigando as causas

No domingo, por meio de nota, a Faurgs negou que a razão para o problema no reconhecimento facial tenha sido por falta de compra de licenças, como chegou a ser especulado, e disse que está investigando "todas as possíveis causas da instabilidade".

"Assim que houver total comprovação, o detalhamento desse ocorrido será levado a público", garante a fundação.