Bolsonaro critica Macron por recepção a Lula: 'Parece provocação'
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse, em entrevista à rádio Sociedade da Bahia, que encarou como uma "provocação" a recepção dada pelo presidente da França, Emmanuel Macron, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na semana passada, em Paris. O encontro teve protocolo reservado a chefes de Estado e ocorreu durante viagem de Lula à Europa.
Desafeto de Bolsonaro, Macron promoveu a conversa em um momento em que a relação entre Brasil e França está abalada. O presidente francês é crítico ferrenho da política ambiental do atual governo brasileiro. Ele chegou a vetar qualquer acordo comercial com o Mercosul, falando em 'crime de ecocídio' por parte do Brasil.
Questionado se considerava a recepção ao ex-presidente uma provocação, Bolsonaro disse que sim e atacou o presidente francês.
Parece que é uma provocação, sim. Será que o serviço de inteligência dele [Macron] não sabe quem foi o Lula aqui ao longo dos oito anos dele e mais seis de Dilma, o que foi feito no Brasil?"
Jair Bolsonaro, presidente
Na sequência, Bolsonaro disse que Macron "sempre foi contra" seu governo por ser um concorrente em relação a exportações agrícolas e "sempre bateu" em sua gestão pelas questões ambientais.
"O que interessa para alguns países do mundo é ter alguém sentado nessa cadeira que eu estou aqui simpático à política deles."
Bolsonaro disse ainda que Macron teria "um problema" com ele e que os ataques ao Brasil são injustos. "Interessa mais a ele (Macron) ter uma pessoa passiva, corrupta como é o Lula, aliado dele, no futuro do que eu", completou.
O encontro na França durou uma hora e teve o meio ambiente na pauta. Segundo o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, que acompanhou o petista, Lula e Macron não tocaram diretamente em "assuntos internos" do Brasil, como as eleições de 2022.
Ironia a aplausos recebidos por Lula
Na entrevista, Bolsonaro ainda tentou tirar peso dos aplausos recebidos por Lula após pronunciamento no Parlamento Europeu, dizendo que o número de parlamentares não era significativo.
"É a mesma coisa se chegar o Maduro aqui no Brasil, vamos supor... Ele vai ser aplaudido pelo pessoal do PSOL, do PDT, do PCdoB e do PT na Câmara dos Deputados. Não quer dizer que a Câmara apoie isso que está acontecendo na Venezuela. Então, tudo é um jogo político", opinou.
Bolsonaro e Lula devem se enfrentar pela Presidência da República no ano que vem, e a tensão da disputa eleitoral já tem sido observada em declarações e manifestações públicas de ambos. O concorrente à reeleição, por exemplo, tem feito críticas ao mandatário antecessor em várias oportunidades, sobretudo em entrevistas concedidas a rádios de interior e em conversas com apoiadores que vão ao ar por meio de vídeos publicados no YouTube.
Bolsonaro também passou a elevar as críticas ao PT, partido de Lula, e "à esquerda" desde que se intensificaram as negociações pela PEC dos Precatórios no Congresso. A medida é vital para que o governo consiga tirar do papel o "Auxílio Brasil", substituto do Bolsa Família, programa de assistência social criado pelo PT. Em 2022, a tendência é que os dois personagens antagônicos travem um duelo pela identidade de ações e medidas de apoio social e transferência de renda.
*Com informações da agência Reuters.
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