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"O mundo todo tem seus problemas", diz Bolsonaro antes de viagem à Rússia

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

14/02/2022 12h17

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse hoje que "o mundo todo tem seus problemas", em referência à escalada de tensão entre a Rússia e a Ucrânia, países que estão à beira de um conflito armado no leste europeu. O governante brasileiro disse ainda que, "se depender de uma palavra" dele, "o mundo teria paz".

As declarações ocorreram horas antes de Bolsonaro embarcar para a Rússia —a viagem foi confirmada apesar dos alertas quanto a possíveis riscos políticos e de segurança. O presidente afirmou hoje a apoiadores que "o Brasil é um país soberano" e que "vamos torcer pela paz lá, que dê tudo certo".

"Você pode ver, o mundo todo tem seus problemas. Se você começar a querer resolver o problema dos outros... A gente, no que for possível, né... A palavra lá de paz, para ajudar, tudo bem... Mas a gente sabe o que está em jogo. Não vou entrar em detalhes aqui", comentou Bolsonaro no cercadinho da Palácio da Alvorada, residência oficial da chefia do Executivo.

O presidente repetiu que o Brasil tem relações comerciais importantes com a Rússia no que diz respeito à importação de fertilizantes. Declarou ainda que pretende "tratar assuntos de defesa" no encontro com o presidente russo, Vladimir Putin.

Com ajuda de outros países como Estados Unidos e França, ainda há negociações na tentativa de superar as divergências políticas entre Rússia e Ucrânia e evitar o início de uma guerra que, de acordo com especialistas, pode gerar instabilidades na Europa e no mundo.

A invasão, no entanto, pode ocorrer a qualquer momento, segundo afirmou Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano.

Bolsonaro foi aconselhado a cancelar ou adiar a ida à Rússia, mas decidiu ignorar os alertas e manteve a programação inicial —ele ficará em Moscou até quinta-feira (17), dia em que também visitará a Hungria para encontro com o primeiro-ministro Viktor Orbán.

Encontro com Putin

Bolsonaro e Putin devem se encontrar na quarta-feira (16), no Kremlin, sede do governo local.

O visitante terá que se adequar a um rígido esquema de controle sanitário imposto pela autoridade russa. Foi solicitado que os integrantes da comitiva brasileira façam até 5 testes do tipo RT-PCR para detecção do vírus da covid-19. Um deles seria realizado entre três e quatro horas antes da agenda.

Acompanhado de ministros e auxiliares, Bolsonaro chegará à capital russa na tarde de terça-feira (15). O mandatário do Palácio do Planalto confirmou que pretende realizar uma live após o desembarque.

Bolsonaro estará com Putin em pelo menos dois momentos na quarta. O primeiro será um encontro de recepção, durante a manhã, seguido por breve conversa entre os dois líderes. Posteriormente, Bolsonaro e outros membros da delegação brasileira participariam de um almoço no Kremlin, de acordo com o planejamento do Itamaraty.

Além das agendas com o presidente russo, Bolsonaro também participará de compromissos com representantes do Parlamento russo e com empresários da área do agronegócio. Uma das pautas mais relevantes, do ponto de vista da delegação brasileira, é a comercialização de fertilizantes e insumos fundamentais para o desenvolvimento da agricultura.