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'Príncipe' lamenta tragédia em Petrópolis e recebe críticas por laudêmio

Bertrand de Orleans e Bragança - Tiziana Fabi - 5.out.2019/AFP
Bertrand de Orleans e Bragança Imagem: Tiziana Fabi - 5.out.2019/AFP

Do UOL, em São Paulo

18/02/2022 23h34Atualizada em 19/02/2022 22h02

Bertrand de Orleans e Bragança, autoproclamado príncipe imperial do Brasil e descendente da família que já liderou o país, lamentou as fortes chuvas que atingiram a cidade de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. Até agora, a Defesa Civil confirmou mais de 140 mortes em decorrência do temporal.

No comunicado, publicado em seu site e nas redes sociais, Orleans e Bragança diz que o momento é "de grave dificuldade" e agradece pelo "trabalho incansável" de bombeiros, policiais, médicos e enfermeiros, bem como o de beneméritos particulares.

A Família Imperial, tão estreitamente ligada a Petrópolis, encontra-se sempre disposta a servir ao seu povo, oferecendo ainda nossas orações e solidariedade a todos os que vêm sofrendo. Rogo a Deus Nosso Senhor, por intercessão do Padroeiro São Pedro de Alcântara, que proteja e dê alento à boa gente petropolitana nesta hora de aflição e necessidade."
Trecho da nota divulgada pelo príncipe imperial

Apesar da carta e das palavras de pesar, internautas citaram, nos comentários, uma taxa imobiliária —denominada "laudêmio"— que é paga a herdeiros da antiga família imperial. Os leitores disseram que, no comunicado, emitido na sexta-feira (18), o príncipe não diz se fará algum tipo de doação à cidade.

O laudêmio é recolhido pela CIP (Companhia Imobiliária de Petrópolis), criada para gerir a herança e administrada por dez integrantes da família Orleans e Bragança. A companhia é a responsável por cobrar a taxa na área da antiga Fazenda Imperial, formada por terrenos comprados por dom Pedro 1º a partir de 1830 e, depois, por seu filho, dom Pedro 2º. Ela compreende grande parte da área central de Petrópolis, epicentro do desastre natural. A propriedade da antiga fazenda é a base legal para a "taxa do príncipe" de 2,5% sobre todas as transações imobiliárias na área.

"Ele [o príncipe] tem que abrir mão uma vez que a cidade está em frangalhos e vai precisar de ajuda para reconstrução... um imposto pago para a família "imperial", é dever dela ajudar neste momento", disse um dos internautas. "A mesma cidade cobra um imposto sobre os imóveis vendidos na região, que até hoje beneficia 'herdeiros da família imperial' e nunca foi destinada à população local. Uma taxa que existe porque, no século XIX, D. Pedro II resolveu assentar sua residência de verão na Serra de Petrópolis", reclamou outro.

Mais cedo, na sexta, Bertrand já havia dito, também nas redes sociais, que sua "família imediata não recebe quaisquer quantias referentes ao laudêmio".

Bertrand integra o chamado "ramo de Vassouras", de descendentes de dom Luis de Orleans e Bragança, filho da princesa Isabel e irmão de dom Pedro de Alcântara, que deu início ao "ramo de Petrópolis", do qual fazem parte os sócios da CIP.

"Meu saudoso pai, o Príncipe Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil entre 1921 e 1981, vendeu todas as suas ações da dita Companhia Imobiliária ainda na década de 1940", escreveu.

Também na sexta, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) propôs um projeto de lei para destinar o laudêmio para ajudar na reconstrução da cidade devastada pelo temporal de terça-feira (15).

Apresentei agora um projeto de lei para que o laudêmio, conhecido como "imposto do príncipe", seja destinado à prefeitura de Petrópolis para financiar políticas públicas de prevenção a desastres e para socorrer a população."
Marcelo Freixo

Leia o comunicado na íntegra

Meus caros brasileiros e, de modo muito particular, meus caros petropolitanos,

Em nome de meu irmão, o Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, e no da Família Imperial, quero manifestar nossa profunda consternação com os terríveis danos causados pelas fortes chuvas em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, que deixaram numerosos mortos e desabrigados.

Neste momento de grave dificuldade, o trabalho incansável de bombeiros, policiais, médicos e enfermeiros, bem como o de beneméritos particulares - dentre os quais há muitos monarquistas—, merece nossa admiração e gratidão, pois bem demonstram a caridade própria de um povo autenticamente voluntarioso e cristão.

A Família Imperial, tão estreitamente ligada a Petrópolis, encontra-se sempre disposta a servir ao seu povo, oferecendo ainda nossas orações e solidariedade a todos os que vêm sofrendo. Rogo a Deus Nosso Senhor, por intercessão do Padroeiro São Pedro de Alcântara, que proteja e dê alento à boa gente petropolitana nesta hora de aflição e necessidade.