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Brasil quer paz na Ucrânia, mas não tomará partido, diz Carlos França

Do UOL*, em São Paulo

08/03/2022 10h54Atualizada em 08/03/2022 11h19

O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, disse hoje que o Brasil quer ajudar a estabelecer a paz na Ucrânia, mas não condenou a invasão russa àquele país, argumentando que não tomará partido no conflito.

"A posição do Brasil é clara. Estamos do lado da paz mundial. Nós pensamos que isso (paz) se atinge ao encontrar uma saída (para o conflito) e não apontando o dedo", disse França em entrevista coletiva em Lisboa.

"Temos uma posição de equilíbrio, e não uma posição de indiferença, mas sim de imparcialidade", acrescentou o chanceler.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) defende uma postura de neutralidade desde o início do conflito, que chegou hoje ao 13º dia. Pouco antes da invasão da Ucrânia, Bolsonaro esteve em Moscou com Putin para discutir principalmente o fluxo comercial de fertilizantes, segundo o governo. O Brasil importa parte significativa desses insumos da Rússia.

Na última sexta-feira (4), Bolsonaro disse que o Brasil terá uma postura de equilíbrio, isenção e respeito a todos, sem entrar em uma aventura. Antes, ele já havia dito que o país não escolheria um lado.

"O Brasil continua em uma posição de equilíbrio, nós temos negócio com os dois países, não temos a capacidade de resolver esse assunto, então o equilíbrio é a posição mais sensata por parte do governo federal", disse ele durante a live semanal.

No mesmo dia, porém, o presidente concordou em pedir um cessar-fogo em conversa com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson. De acordo com interlocutores no Palácio do Planalto ouvidos pelo UOL, na conversa telefônica, que durou cerca de 15 minutos, os dois líderes afirmaram acreditar na "importância da estabilidade global" e disseram que "a paz deve prevalecer".

Na semana passada, o Brasil votou ao lado dos Estados Unidos e potências ocidentais em propostas de resolução criticando a Rússia na Assembleia Geral da ONU e no Conselho de Direitos Humanos.

O embaixador da Rússia na ONU. Gennady Gatilov, minimizou os votos do Brasil contra Moscou e insistiu que o governo de Jair Bolsonaro "entende" as razões para a invasão na Ucrânia.

O governo russo aprovou ontem uma lista de países considerados hostis por aprovarem sanções contra o Kremlin, com Ucrânia, Estados Unidos, países da União Europeia e outros. O Brasil não está neste rol.

* Com Reuters